Na madrugada desta quarta-feira (6), deputados e senadores da oposição passaram a noite nos plenários da Câmara e do Senado, mantendo a ocupação das mesas diretoras das Casas Legislativas. A ação, liderada por parlamentares do Partido Liberal (PL), impediu a retomada dos trabalhos e resultou no cancelamento de sessões previstas.
A mobilização é um protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, decretada na última segunda-feira (4). Segundo aliados do governo, a ocupação representa uma ameaça institucional semelhante à invasão de 8 de janeiro de 2023.
Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), convocaram reuniões com líderes partidários ainda nesta quarta-feira para discutir os desdobramentos da crise e buscar uma solução para a retomada das atividades legislativas.
Oposição exige anistia e impeachment de Moraes
Os oposicionistas exigem que sejam colocadas em pauta duas propostas: a anistia irrestrita aos condenados por tentativa de golpe de Estado e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Moraes é o relator do processo que acusa Bolsonaro de tentar anular as eleições de 2022, com articulações envolvendo setores militares, além de supostos planos para prender e assassinar autoridades. Bolsonaro nega todas as acusações.
Entre os manifestantes, esteve o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que afirmou em vídeo publicado nas redes sociais:
“Estamos nos revezando aqui desde a madrugada para manter a ocupação. Queremos colocar em pauta o que é melhor para o Brasil”, disse o parlamentar.
Ainda segundo Flávio, uma das consequências da crise envolvendo seu pai seria o aumento de tarifas impostas pelos Estados Unidos contra exportações brasileiras — cerca de 36% dos produtos foram atingidos por uma taxa de 50%.
Ocupação paralisa votação sobre isenção do IR
A ocupação tem travado votações importantes no Congresso, como o projeto de isenção do Imposto de Renda. O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), classificou a ação como chantagem política:
“Isso é um golpe continuado. Dez milhões de brasileiros estão sendo prejudicados. Queremos votar pautas urgentes como a isenção do IR”, afirmou.
Na terça-feira (5), a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou o projeto que isenta do imposto quem recebe até dois salários mínimos. A proposta, que substitui a MP 1.294/2025, ainda aguarda votação no plenário do Senado. Outro projeto prioritário isenta do IR quem ganha até R$ 5 mil.
Reações dos presidentes das Casas
O presidente da Câmara, Hugo Motta, preferiu adotar um tom moderado, afirmando que o Parlamento deve buscar entendimento. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, classificou a ocupação como “inusitada e alheia aos princípios democráticos” e convocou reunião para restabelecer a normalidade legislativa:
“Realizarei uma reunião de líderes para que o bom senso prevaleça”, disse Alcolumbre em nota oficial.
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