O Rio de Janeiro voltou a sediar, após uma década, a 4ª Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+. O evento marca a retomada de um espaço fundamental para o debate e a construção de políticas públicas voltadas à comunidade LGBTQIA+, interrompido desde sua última edição em 2015.
Segundo o presidente do Grupo Arco-Íris, o intervalo entre as conferências representa um período de silenciamento das pautas LGBTQIA+ no cenário nacional. Ele destaca que a retomada é uma oportunidade para que lideranças, gestores públicos e a sociedade contribuam na elaboração do Plano Estadual de Cidadania LGBTQIA+, além de incentivar os municípios fluminenses a desenvolverem seus próprios planos locais, com financiamento adequado. “É nas cidades que a vida acontece. Lá, as pessoas são incluídas ou excluídas”, afirmou.
Para Ernane Alexandre, superintendente de Políticas Públicas LGBTI da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSODH), a ausência do evento por 10 anos teve cunho político. “Tivemos governos que não estavam abertos ao diálogo e à nossa pauta LGBT, simples assim”, declarou.
Apesar disso, Alexandre ressaltou que o Rio de Janeiro é hoje referência nacional, sendo o estado mais avançado em políticas LGBTQIA+, segundo o projeto de estudo Atena. O programa “Rio Sem LGBTIfobia”, por exemplo, conta com 23 centros de atendimento em diversas cidades, oferecendo suporte jurídico, psicológico e social a cerca de 25 mil pessoas por ano.
Contudo, os desafios ainda são grandes. A comunidade LGBTQIA+ enfrenta dificuldades especialmente nas áreas de empregabilidade, educação e assistência social. Ernane aponta a urgência de ações como cotas para pessoas trans em universidades, políticas de acolhimento para a população em situação de rua e incentivo à conclusão do ensino médio. “Avançamos, mas ainda há muito a ser feito”, alertou.
As propostas debatidas na Conferência serão encaminhadas à etapa nacional, marcada para 21 a 25 de outubro, em Brasília, com o objetivo de fortalecer as políticas públicas em todo o país.
Programação cultural celebra a diversidade
Além das discussões políticas, o evento também celebra a cultura LGBTQIA+. A cerimônia de abertura contou com o Coro de Câmara LGBTI do Rio de Janeiro e a Feira de Empreendedorismo “Empodera LGBTQIA+”, com 20 expositores, desfiles de moda sustentável e pocket shows.
Entre as atrações, destaca-se a apresentação da cantora lésbica Leila Maria, referência no jazz nacional desde os anos 1990. “Ela é uma mulher negra, 50+, que representa resistência e visibilidade”, destacou o presidente do Grupo Arco-Íris.
Nos dias 7 e 8 de agosto, o Auditório do Paço recebe, às 18h30, o espetáculo Siriocra – o show da diversidade, protagonizado por pessoas LGBTQIA+. A peça mistura teatro, música e performance, dividida em três atos: Alegria, Protesto e Esperança. Com 70 artistas no palco, a obra retrata 40 anos de luta por direitos, identidade e dignidade.
*Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Espírito Santo.
Siga o GIRO CAPIXABA no Instagram