Pela primeira vez em suas nove edições, a Festa Literária Internacional do Pelourinho, a Flipelô, incorporou o universo cosplay em sua programação. Na noite de quinta-feira (7), personagens como o Menino Maluquinho, criado por Ziraldo, os irmãos Mario e Luigi do clássico jogo Super Mario, e o Doutor Facilier, do filme A Princesa e o Sapo, desfilaram pelo palco da Vila Literária, localizada no Largo Tereza Batista, no centro histórico de Salvador.
Cosplay é a prática de se fantasiar e interpretar personagens favoritos da cultura pop, que abrangem desde animes, games e mangás até filmes, animações e até livros. Para o influencer, ator e cantor Deivid Aquino, que desfilou como Menino Maluquinho, o desfile representou uma conexão especial com a sua infância.
“Essa história me cativou porque me lembrou minha infância. O cosplay é inclusão e diversidade, e eu amo interpretar crianças. Também faço o Pedrinho, do Sítio do Picapau Amarelo. Eu sou maluquinho também!”, brincou Deivid, que mora em Salvador e participou da Flipelô pela primeira vez graças ao evento de cosplay.
Fiel à sua origem baiana, Deivid ainda prometeu levar um pouco da fantasia para a cozinha: “Vou fazer uma feijoada quando chegar em casa com essa panela aqui, que não pode ficar só na cabeça, tem que estar no fogão também”, disse, arrancando risos da plateia.
A Vila Literária, espaço dedicado ao público jovem dentro da Flipelô, vem se ampliando nos últimos anos. Antes focada quase que exclusivamente em autores independentes, atualmente também abriga feiras de quadrinhos, batalhas de desenho e apresentações musicais, sem perder sua essência literária.
Samuel de Gois Martins, quadrinista paraibano que participa pela primeira vez da Flipelô, destacou a importância desse espaço para a arte alternativa no Nordeste. “Eu exponho quadrinhos, coletâneas, gravuras em serigrafia e até cartas de tarot. É essencial fortalecer essas feiras independentes para criar um cenário cultural local mais forte”, afirmou.
A programação da Vila Literária inclui ainda lançamentos e vendas de livros, debates e bate-papos com autores renomados, como Lázaro Ramos, Thalita Rebouças, Rafael Calça e Rosane Svartman.
Deco Lipe, curador da Vila Literária, ressaltou a diversidade do espaço e a integração entre cultura pop, redes sociais e literatura: “Aqui tem espaço para todo mundo: para o pessoal das redes sociais, do cosplay e da literatura. Hoje os jovens leem muito por meio das redes sociais, que trazem livros e conteúdos literários para um público maior.”
Segundo Deco, plataformas como TikTok e Instagram ajudam a impulsionar o interesse pela leitura entre os jovens, derrubando o mito de que quem usa redes sociais não lê. “Os booktalkers arrastam multidões, e isso representa uma grande potencialidade de leitores.”
A Vila Literária segue com sua programação gratuita até domingo (10), reunindo jovens apaixonados por cultura pop e literatura em um só lugar.
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