A Embraer, fabricante brasileira de aeronaves, escapou da tarifa de 50% imposta pelo governo dos Estados Unidos sobre diversos produtos importados e informou que não planeja demissões no Brasil em 2025. A empresa agora foca em retomar a isenção total de impostos, após a redução da tarifa para 10% sobre aviões e componentes exportados aos EUA.
A declaração foi feita nesta terça-feira (5) pelo diretor-executivo Francisco Gomes Neto, durante a apresentação dos resultados do segundo trimestre. Segundo ele, a tarifa de 10% representa um custo de US$ 65 milhões para a companhia, mas ainda é gerenciável em comparação com a taxação que chegou a ser cogitada.
“Nosso foco é restaurar a tarifa zero. Conseguimos reduzir de 50% para 10%, o que já é um alívio para nossos clientes. Seguimos negociando com afinco para zerar novamente esse imposto”, afirmou Neto.
Impacto e projeções
A Embraer, que emprega 18 mil pessoas no Brasil, exporta cerca de 50% de sua produção para os Estados Unidos, seu principal mercado. A empresa informa que já incluiu o impacto da tarifa de 10% em suas projeções financeiras e que, mesmo assim, mantém o plano de entregar todas as aeronaves previstas para o ano, descartando qualquer redução no quadro de funcionários por esse motivo.
Nos aviões comerciais vendidos aos EUA, o custo adicional da tarifa recai sobre os compradores, encarecendo o produto final.
Negociações e investimentos
A Embraer acredita que há espaço para negociações bilaterais, conduzidas tanto pelo governo brasileiro quanto diretamente pela empresa junto a autoridades norte-americanas. O argumento é baseado no forte impacto econômico que a companhia gera nos Estados Unidos.
Atualmente, a empresa emprega quase 3 mil pessoas nos EUA e, considerando toda a cadeia de fornecedores locais, o número chega a 13 mil postos de trabalho. A expectativa é de investir mais US$ 500 milhões nos próximos cinco anos nas unidades de Dallas (Texas) e Melbourne (Flórida), com a criação de mais 5,5 mil vagas até 2030.
Além disso, caso o governo norte-americano decida adquirir o cargueiro militar KC-390, a Embraer projeta mais US$ 500 milhões em investimentos e a criação de 2,5 mil empregos adicionais com uma nova linha de montagem.
“Há uma expectativa positiva para o retorno da tarifa zero. Com a Embraer comprando mais dos EUA do que vendendo para lá, a balança comercial seria favorável em US$ 8 bilhões até 2030”, disse Neto.
Resultados do segundo trimestre
No segundo trimestre de 2025, a Embraer entregou 61 aeronaves, sendo 19 jatos comerciais, 38 jatos executivos e 4 aeronaves militares. No mesmo período de 2024, foram 47 unidades.
A companhia trabalha com a estimativa de entregar, até o fim do ano, entre 77 e 85 aviões comerciais, além de 145 a 155 jatos executivos. A carteira total de pedidos atingiu US$ 29,7 bilhões, o maior valor já registrado pela empresa.
A empresa
Fundada em 1969, a Embraer já produziu mais de 9 mil aeronaves, com presença em mais de 100 países e 60 forças armadas. Conta com 23 mil funcionários no mundo, sendo 18 mil no Brasil, com presença destacada em São José dos Campos (SP), Sorocaba, Botucatu, Gavião Peixoto, Florianópolis e Belo Horizonte.
Fora do Brasil, além das unidades nos Estados Unidos, a empresa também possui uma fábrica em Portugal. Nos últimos anos, a Embraer contratou 5 mil novos funcionários para atender à crescente demanda do mercado.
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