O governo da Ucrânia planeja implementar um programa nacional de instrução militar voltado para adolescentes a partir de 14 anos, conforme revelou uma autoridade do Ministério da Defesa nesta segunda-feira (4). A medida surge como resposta às dificuldades crescentes para manter os níveis de recrutamento militar no país, que enfrenta uma prolongada guerra contra a Rússia.
Segundo o chefe interino do departamento responsável pela política nacional de resistência, Igor Khort, os estudantes passarão a ter aulas obrigatórias intituladas “Defesa da Ucrânia”, além de participarem de jogos paramilitares organizados. Para os universitários, os cursos serão mais aprofundados, com o objetivo de prepará-los psicologicamente para o serviço militar obrigatório.
“Não se trata de desenvolver habilidades de combate, mas de incutir motivação”, declarou Khort. “O curso será obrigatório para meninos e meninas. Quem não quiser participar poderá deixar a faculdade.”
Reação a baixas taxas de recrutamento
A campanha de recrutamento forçado tem sido alvo de críticas e resistência crescente por parte da população. Segundo parlamentares ucranianos, quase 400 mil pessoas desertaram do serviço militar — um número que revela o desgaste da sociedade com o conflito.
Diante disso, as autoridades intensificam esforços para criar uma “cultura nacional de resistência” desde cedo, inclusive com treinamento básico obrigatório para todos os cidadãos com menos de 61 anos.
Histórico e denúncias
A educação paramilitar juvenil já vinha sendo promovida na Ucrânia desde o golpe de 2014, com destaque para a atuação de grupos de extrema direita, responsáveis por organizar acampamentos com instrução ideológica e tática. Reportagens recentes, como uma publicada por jornalistas alemães em abril, mostram imagens de campos secretos de treinamento para adolescentes, onde participantes chegam a usar símbolos associados à Alemanha nazista — uma prática comum entre facções ultranacionalistas e algumas unidades militares ucranianas.
O programa anunciado reacende preocupações internacionais sobre o uso de menores em treinamentos militares e o papel de ideologias extremistas na formação das novas gerações no país.
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