A dor de quem vive há décadas sem respostas ganhou um novo impulso nesta terça-feira (5), com o lançamento da terceira edição da Campanha Nacional de Coleta de DNA de Familiares de Pessoas Desaparecidas – 2025, promovida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP). A ação, que segue até o dia 15 de agosto, busca ampliar a base de dados do Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG) e oferecer às famílias a chance de encontrar entes queridos.
Presente ao evento em Brasília, Vera Lúcia Ranu, mãe de Fabiana Renata, desaparecida em 1992 aos 13 anos, compartilhou a esperança renovada. “O banco de DNA trouxe uma nova perspectiva para nós, famílias. Hoje temos uma possibilidade real de obter uma resposta”, afirmou Vera, que também representa o Movimento Nacional de Familiares de Pessoas Desaparecidas.
A campanha disponibiliza 334 pontos de coleta de DNA em todos os estados e no Distrito Federal, com profissionais capacitados para atender os familiares que ainda não contribuíram com material genético. A coleta pode ser feita por meio de um cotonete na bochecha ou uma gota de sangue.
Como funciona a campanha
O objetivo é reunir amostras biológicas de familiares de primeiro grau — como pais, filhos e irmãos — para facilitar a identificação de pessoas desaparecidas, vivas ou falecidas. Também podem ser entregues itens pessoais do desaparecido, como escovas de dente ou dentes de leite.
De acordo com a diretora do Sistema Único de Segurança Pública, Isabel Seixas de Figueiredo, o serviço está disponível ao longo de todo o ano, mas a campanha intensifica a divulgação e mobilização nacional. “Não basta doar o DNA, é preciso processá-lo e incluí-lo no banco de perfis genéticos”, destacou.
O que acontece após a coleta
As informações genéticas são cruzadas com dados de restos mortais humanos não identificados e de pessoas vivas com identidade desconhecida que estejam sob cuidados de instituições de saúde ou assistência social. Caso haja compatibilidade, a família é imediatamente contatada.
“Às vezes, a resposta demora anos, mas ela chega. Mesmo que o desfecho não seja o esperado, ele encerra um ciclo de angústia”, ressaltou Isabel.
Resultados anteriores e histórias reais
Na edição de 2024, foram coletadas 1.645 amostras, e 35 pessoas desaparecidas foram identificadas. Suas histórias estão reunidas no caderno digital “Transformando Números em Histórias”, lançado durante o evento deste ano.
Entre os relatos está o da servidora aposentada Glaucia Lira, de Brasília, que descobriu em 2025 o paradeiro do filho desaparecido desde 2013. “Não era o final que eu queria, mas agora sei onde ele está. A espera terminou”, disse emocionada.
O secretário nacional de Segurança Pública, Mario Sarrubbo, destacou a importância do projeto. “Estamos falando de dignidade. Cada caso resolvido representa o fim de um sofrimento sem fim para uma família”.
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