Linhas de crédito exclusivas para mulheres, com juros reduzidos e critérios de análise mais inclusivos, capacitação gratuita e garantia de participação feminina em políticas públicas e espaços de decisão estão entre as principais reivindicações apresentadas na Conferência Livre: Mulheres no Centro – Democracia Econômica, Empreendedorismo e Direitos, realizada nesta segunda-feira (11), de forma presencial e online, em Brasília.
As propostas aprovadas serão integradas ao documento final da 5ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, marcada para 29 de setembro a 1º de outubro, também em Brasília.
Segundo Raquel Ribeiro, coordenadora-geral de Gestão de Empreendedorismo do Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, o encontro foi um espaço para pensar soluções que ampliem as condições de trabalho e negócios liderados por mulheres.
“Muitas empreendem por necessidade e precisam de políticas eficazes que garantam acesso ao crédito, educação empreendedora, formalização e redes de apoio, além de serviços como creches, saúde e segurança”, afirmou.
No Brasil, são mais de 10 milhões de mulheres empreendedoras, 70% delas mães, com faturamento médio de R$ 2 mil — valor inferior ao dos homens no mesmo setor.
Entre as demandas debatidas, destacam-se:
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Acesso ao crédito e financiamento inclusivo – Criação de linhas específicas com juros reduzidos e garantias alternativas, como confiança comunitária e histórico de pagamentos informais. Parcerias com fintechs e bancos comunitários devem priorizar o risco social e incluir capacitação financeira obrigatória.
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Capacitação e educação empreendedora – Implantação de um Programa Nacional de Formação com cursos gratuitos, mentorias e consultorias adaptadas à diversidade e acessibilidade.
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Inclusão e interseccionalidade – Garantir que políticas de fomento contemplem mulheres negras, indígenas, com deficiência, mães solos e moradoras de áreas periféricas e rurais, com representação em conselhos e programas específicos de aceleração e acesso a mercados.
Dora Gomes, do Grupo Mulheres do Brasil, destacou que o risco social deve ser considerado na concessão de crédito, enquanto Daise Rosas, do Instituto Reafro, defendeu a continuidade de programas como o Elas Empreendem.
As representantes Dora Gomes, Daise Rosas e Scarlett Rodrigues foram eleitas delegadas para levar as propostas à etapa nacional.
Para Simone Schaffer, coordenadora-geral de Promoção da Igualdade Econômica das Mulheres do Ministério das Mulheres, o crédito ainda é um dos maiores desafios. “Muitas vezes, elas precisam de microcrédito, mas não têm como oferecer garantias exigidas. É necessário crédito com juros baixos ou fomento direto”, afirmou.
A Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, que não ocorria desde 2016, visa formular e fortalecer políticas públicas voltadas à igualdade de gênero e à garantia de direitos. As conferências livres, municipais, regionais e estaduais antecedem a etapa nacional e garantem ampla participação social no processo.
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