Durante coletiva de imprensa ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na França, o presidente francês Emmanuel Macron adotou um tom firme ao comentar o conflito entre Rússia e Ucrânia. Em declarações que destoaram da postura do mandatário brasileiro, Macron afirmou que “Rússia e Ucrânia não podem ser tratadas em pé de igualdade” e defendeu maior pressão internacional sobre Moscou.
“Americanos, brasileiros, chineses, indianos – devemos todos fazer pressão sobre a Rússia”, declarou Macron, argumentando que esse caminho poderia abrir espaço para o fim do conflito e a construção de uma “paz robusta”.
Em contraponto, Lula destacou a necessidade de uma solução pacífica e diplomática para a guerra, demonstrando preocupação com os recentes ataques, inclusive por parte da Ucrânia. O presidente brasileiro mencionou especificamente o ataque ucraniano a um campo de aviação russo, ocorrido durante negociações em Istambul, como exemplo da complexidade da situação.
“Quando os dois [Rússia e Ucrânia] quiserem negociar a paz, o Brasil, junto com a China, estará disposto a contribuir”, afirmou Lula. O chefe de Estado reforçou que o papel de mediador só é possível quando as partes estão abertas ao diálogo e criticou a ineficácia da Organização das Nações Unidas (ONU) diante do conflito.
“Lamentavelmente, a ONU está enfraquecida politicamente, e tem pouco poder de dar opinião sobre a guerra”, pontuou.
Macron respondeu ao discurso de Lula dizendo que “a melhor orientação são ideias simples”, e argumentou que o multilateralismo, como defendido pelo brasileiro, é a aplicação prática da Carta das Nações Unidas — documento que, segundo ele, já estabelece os princípios fundamentais para a resolução de conflitos.
Em meio às divergências, o assessor especial da Presidência brasileira, Celso Amorim, reforçou à emissora russa RT que o Brasil pode ter um papel importante no diálogo entre as partes. “Brasil pode facilitar diálogo entre Rússia e Ucrânia”, declarou Amorim, destacando o posicionamento neutro do país no cenário internacional como um trunfo para futuras negociações.
A reunião entre os presidentes, embora marcada por desacordos sobre a abordagem em relação à guerra, evidenciou o esforço do Brasil para atuar como interlocutor em crises globais e sua aposta no diálogo como instrumento essencial da diplomacia.
* Da Agência Fonte Exclusiva com informações do Gov ES. Compartilhe este artigo do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
Siga o GIRO CAPIXABA no Instagram