A Suprema Corte de Justiça da Argentina confirmou nesta terça-feira (10) a condenação da ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner por corrupção, decisão que a torna inelegível e pode levar à sua prisão. O julgamento, que teve início em 2016, apurou desvios em contratos de obras públicas na província de Santa Cruz e concluiu que a ex-mandatária cometeu “administração fraudulenta em prejuízo da administração pública”.
Cristina foi sentenciada a seis anos de prisão e inabilitação perpétua para cargos públicos em dezembro de 2022, no processo conhecido como Causa Vialidad. Desde então, ela recorria da decisão. Agora, com a sentença confirmada pela mais alta instância da Justiça argentina, não há mais possibilidade de reversão judicial dentro do país.
A ex-presidente havia anunciado sua candidatura a deputada pela província de Buenos Aires nas eleições marcadas para 7 de setembro deste ano. A decisão da Suprema Corte altera significativamente o cenário político e eleitoral da Argentina. Cristina é presidente do Partido Justicialista (PJ), principal força política do peronismo, e figura central da oposição ao governo de Javier Milei.
Na noite de segunda-feira (9), durante um evento do PJ, Cristina antecipou críticas à decisão que viria:
“Acham que vão resolver tudo me prendendo. Estarei presa, mas o povo vai continuar piorando”, afirmou, acusando a Justiça de atuar para excluí-la do jogo político. Ela também declarou que o modelo político atual é “inviável” e convocou mobilizações contra a decisão, chamando a Suprema Corte de “guarda pretoriana do poder econômico”.
O processo foi marcado por fortes controvérsias. Investigadores e magistrados responsáveis pela acusação foram flagrados em situações que sugerem parcialidade, incluindo partidas de futebol entre o procurador Diego Luciani e o juiz Rodrigo Giménez de Uriburu na casa de campo do ex-presidente Mauricio Macri, rival político de Cristina.
Denúncias também surgiram envolvendo juízes, empresários e autoridades em viagens financiadas pelo Grupo Clarín, maior conglomerado de mídia do país e crítico do kirchnerismo. Apesar das revelações, o processo seguiu até a condenação.
Na manhã desta terça, o advogado Gregorio Dalbón anunciou que apresentou uma denúncia à Corte Internacional de Haia:
“Denunciamos a perseguição sistemática — política, judicial, midiática e institucional — contra Cristina Fernández de Kirchner”, escreveu em suas redes sociais.
Cristina Kirchner nega todas as acusações e afirma que é vítima de lawfare — o uso estratégico do sistema judicial para eliminar adversários políticos.
* Com informações da RT. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
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