Apesar de os Estados Unidos ocuparem o segundo lugar entre os maiores parceiros comerciais do Brasil, o país sul-americano aparece apenas na 15ª posição entre os principais parceiros dos americanos, segundo dados de 2024 do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e do US Census Bureau.
A relação comercial é marcada por uma forte assimetria: os Estados Unidos são o segundo maior destino das exportações brasileiras e também o segundo principal fornecedor de produtos ao Brasil — atrás apenas da China. Já para os EUA, o Brasil tem mais relevância como mercado comprador (nono lugar) do que como fornecedor (18º lugar).
Esse desequilíbrio resulta em um superávit comercial sistemático para os Estados Unidos. De 1997 a 2025, segundo o MDIC, os americanos venderam ao Brasil quase 50 bilhões de dólares a mais do que compraram. Desde 2009, a balança comercial tem sido continuamente favorável aos EUA, com um superávit acumulado de US$ 90,3 bilhões.
O que Brasil e EUA negociam
Em 2024, o Brasil exportou para os EUA principalmente petróleo bruto, produtos semimanufaturados de ferro ou aço, café em grão, pastas químicas de madeira e aviões. Carnes bovinas e suco de laranja — o Brasil é o maior exportador mundial desse item — também estão entre os produtos vendidos.
Por outro lado, os EUA exportaram para o Brasil componentes usados na indústria aeronáutica, como turborreatores e partes de turbopropulsores, além de gás natural liquefeito, petróleo bruto, óleo diesel, naftas petroquímicas e carvão betuminoso.
Alta concentração e vulnerabilidade
Uma análise divulgada em maio pela consultoria Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados mostrou que, entre os dez produtos mais importados pelo Brasil, cinco têm os Estados Unidos como principal fornecedor. Isso inclui os turborreatores para aviões, com 85% provenientes dos EUA, além de 66% das peças para turbopropulsores e 54,5% das naftas petroquímicas.
Essa dependência em setores estratégicos sugere que qualquer imposição de tarifas de importação — como cogitado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em resposta a um possível aumento tarifário promovido por Donald Trump — pode gerar forte impacto na balança comercial entre os dois países, alerta a Nexus.
*Da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado Espírito Santo.
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