Raul Seixas completaria 80 anos neste sábado (28). Ícone da música brasileira e considerado o pai do rock nacional, o artista baiano construiu uma obra extensa e diversificada, com mais de 300 músicas distribuídas ao longo de 17 discos oficiais lançados entre 1968 e 1989. Seu estilo único mesclava rock, baião e referências filosóficas, místicas e contestadoras, criando uma identidade musical singular que o tornou cultuado por gerações.
O soteropolitano foi influenciado pela explosão cultural do rock dos anos 50, especialmente por Elvis Presley. Ainda jovem, fundou a banda Raulzito e os Panteras, mas o sucesso nacional só veio em 1973, com o disco “Krig-ha, Bandolo!”, que trazia faixas como “Mosca na Sopa” e “As Minas do Rei Salomão”. Antes disso, Raul passou por dificuldades no Rio de Janeiro e atuou como produtor na gravadora CBS.
Sua trajetória teve parcerias marcantes com nomes como Paulo Coelho, Cláudio Roberto, Marcelo Motta e Marcelo Nova. Com eles, compôs clássicos como “Sociedade Alternativa”, “Gita”, “Ouro de Tolo”, “Tente Outra Vez”, “O Dia em que a Terra Parou” e “Aluga-se”. Apesar de ter explorado o ocultismo em suas letras, Raul mantinha um olhar filosófico e crítico, como destacou seu amigo Sylvio Passos: “Raul era um materialista dialético, não um devoto. Ele dizia: se quiser me conhecer, ouça meus discos. Eu estou inteiro lá”.

Além da música, Raul Seixas virou símbolo de liberdade e resistência. Fãs de todo o país celebram sua obra nas tradicionais passeatas raulseixistas, como a que ocorre anualmente em frente ao Theatro Municipal de São Paulo. A assessora de imprensa Mayara Grosso, de 30 anos, participa desde a infância: “Para mim, Raul representa família. Meu pai já faleceu, mas adorava a passeata. É uma memória afetiva muito forte”.
A obra de Raul também é tema de livros, como o livro-reportagem “A Semente da Nova Idade”, de autoria de Mayara, que explora a relação entre o artista e seus fãs. O título faz referência ao legado espiritual e ideológico que Raul deixou, reforçando sua imagem como um visionário, um “maluco beleza” que revolucionou a música e o pensamento popular no Brasil.
Mesmo após sua morte precoce em 1989, aos 44 anos, vítima de uma parada cardíaca causada por complicações de saúde, Raul continua mais vivo do que nunca na cultura brasileira. “Toca Raul!” — o grito que ecoa em shows por todo o país — é mais do que um pedido: é a prova de que seu legado ainda pulsa, forte e presente.
*Com informação da Agência Brasil.Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
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