A ONU Mulheres completa 15 anos em 2025 e aproveita o marco para alertar o mundo sobre o risco de retrocessos nos direitos das mulheres. A agência das Nações Unidas propõe uma repactuação global com 15 ações prioritárias que visam impedir o desmonte de conquistas históricas, avançar na igualdade de gênero e proteger meninas e mulheres, especialmente em contextos de conflito, pobreza e exclusão digital.
“Direitos das mulheres são como ondas do mar: há retrocesso, mas os avanços são persistentes”, afirmou Ana Querino, representante interina da ONU Mulheres no Brasil, destacando que os direitos das mulheres não avançam em linha reta, mas por meio de ciclos, em um processo contínuo e resiliente.
Desigualdades ainda profundas
Embora o mundo tenha 4 bilhões de meninas e mulheres, elas continuam sub-representadas na política, nos altos cargos empresariais e nos governos. Também enfrentam mais intensamente a pobreza, a violência e a exclusão tecnológica. De acordo com levantamento recente da ONU, os direitos das mulheres estão ameaçados em um a cada quatro países.
No Brasil, as mulheres ocupam apenas 17% das cadeiras no Congresso Nacional. A Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres (Cedaw), que tem força de lei no país desde 1984, recomenda a presença de pelo menos 50% de mulheres nos espaços de decisão.
Conflitos e violência
Outro dado alarmante diz respeito aos 600 milhões de mulheres e meninas vivendo em zonas de conflito — número 50% maior que há dez anos. A maioria das mortes maternas ocorre justamente nesses territórios. Em 2023, 85 mil mulheres foram assassinadas intencionalmente, muitas por parceiros ou parentes. Isso equivale a uma mulher ou menina morta a cada 10 minutos no mundo.
A ONU Mulheres reforça que a violência de gênero, inclusive estupros, tem sido usada como arma de guerra. A organização pede o compromisso de líderes políticos com tratados internacionais, como a Plataforma de Ação de Pequim, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Resolução 1325 do Conselho de Segurança da ONU, que reconhece a necessidade de envolver mulheres na construção da paz.
As 15 ações da ONU Mulheres
Para garantir o avanço na igualdade de gênero, a entidade propõe 15 ações, entre elas:
- Proteger as conquistas legais, políticas e financeiras obtidas até hoje;
- Incluir mais mulheres nas decisões políticas e econômicas;
- Fortalecer o combate à violência com leis mais eficazes e apoio às sobreviventes;
- Promover igualdade salarial em todas as profissões;
- Erradicar a pobreza feminina, que ainda atinge uma em cada dez mulheres no mundo;
- Combater a fome, que afeta mais mulheres do que homens;
- Ampliar a inclusão digital, com acesso à tecnologia e participação feminina na indústria digital;
- Incluir mulheres nas discussões sobre mudanças climáticas e políticas ambientais;
- Valorizar os trabalhos de cuidado com políticas públicas e empregos dignos no setor.
Ana Querino reforça que é fundamental que lideranças de governos, parlamentos, empresas e sociedade civil assumam publicamente o compromisso com os direitos das mulheres. “Precisamos de vozes que reforcem o progresso”, afirma. Ela também alerta para o aumento da violência online e para o risco de a tecnologia reproduzir padrões de misoginia, caso as mulheres sigam excluídas de sua criação.
A mensagem da ONU Mulheres é clara: para impedir retrocessos e promover um futuro mais justo e seguro, é preciso uma ação global coordenada, persistente e urgente.
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