O setor financeiro brasileiro elevou o tom neste sábado (7) ao cobrar do governo federal ações urgentes para conter o avanço da dívida pública. Durante o Fórum Esfera Brasil, realizado no Guarujá (SP), líderes da elite bancária nacional enviaram um recado direto ao Palácio do Planalto: o ajuste fiscal precisa ocorrer – “por bem ou por mal”.
A fala mais contundente veio do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, que alertou sobre o risco de um colapso fiscal.
“Se não for por bem, será por mal. Se não conseguirmos entender isso, essa conta se tornará inadministrável e insuportável”, declarou, diante de empresários e autoridades políticas.
O alerta teve apoio imediato do setor. André Esteves, presidente do conselho do BTG Pactual, destacou que o temor com a trajetória fiscal já atinge os estados.
“Vindo para cá, da entrada do hotel até o salão, dois governadores me falaram da necessidade urgente de ajustar as contas. Está todo mundo angustiado.”
Segundo Esteves, a valorização dos ativos brasileiros em 2025 tem mais relação com fatores externos, como a crise nos EUA, do que com melhorias na condução da política fiscal do Brasil.
Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú Unibanco, foi ainda mais direto. Ele estima que, sem ajustes, a dívida pública pode crescer até 3 pontos percentuais do PIB ao ano.
“A rigidez do Orçamento impede o ajuste. Precisamos de coragem para mudar isso. Os mecanismos de contenção de despesas do novo arcabouço fiscal são lentos demais.”
Pressão contra alta do IOF
Maluhy revelou ainda que esteve reunido com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última sexta-feira (6), para discutir alternativas à recente decisão do governo de elevar a alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). A medida gerou forte reação do setor.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), também presente ao evento, afirmou que a Casa poderá votar, já nesta terça-feira (10), um projeto para derrubar o decreto que aumentou o imposto.
“O Colégio de Líderes se reunirá neste domingo (8) com a equipe econômica. Se houver consenso, o PDL [Projeto de Decreto Legislativo] pode entrar na pauta da próxima terça-feira”, explicou Motta.
A pressão do setor financeiro evidencia o desgaste crescente entre o mercado e o governo federal diante da deterioração fiscal do país — e antecipa tensões políticas na tentativa de evitar um descontrole da dívida pública.
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