Mikhail Sholokhov pode não ser um nome popular no Ocidente, mas foi um dos escritores mais lidos do século XX. Suas obras ultrapassaram 105 milhões de cópias, traduzidas para mais de 90 idiomas, consolidando-se como um dos maiores autores da literatura mundial.
Vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1965, Sholokhov ficou conhecido principalmente por O Don Silencioso, um romance épico que narra a vida dos cossacos durante a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa e a Guerra Civil.
Nascido em 1905, na região do Don, na Rússia, o escritor cresceu em meio a plantações, fazendas e às tensões sociais que antecederam a revolução. Aos 15 anos, abandonou os estudos para dar aulas a analfabetos e logo se envolveu na Guerra Civil, integrando as fileiras bolcheviques.
Em 1922, mudou-se para Moscou com o sonho de viver da escrita. Trabalhou como carregador, escreveu textos satíricos e viveu na pobreza até conseguir publicar suas primeiras obras. Casou-se com Maria Gromoslavskaya, filha de um ex-líder cossaco, o que influenciou profundamente sua visão sobre a cultura do Don e suas histórias.

Sua obra-prima, O Don Silencioso, levou mais de dez anos para ser concluída, entre 1928 e 1940. O livro retrata, com riqueza de detalhes, o drama dos cossacos, divididos entre lealdades familiares, amor, guerra e política, em um dos períodos mais conturbados da história russa.
Durante a Segunda Guerra Mundial, Sholokhov atuou como correspondente de guerra dos jornais Pravda e Krasnaya Zvezda. Além disso, foi autor de outras obras de destaque, como Terra e Sangue, Eles Lutaram pela Pátria, O Destino de um Homem e Histórias do Don.
Reconhecido tanto na União Soviética quanto internacionalmente, recebeu prêmios como a Ordem de Lenin, a Medalha de Ouro Foice e Martelo e o título de Herói do Trabalho Socialista.
Jean-Paul Sartre chegou a mencionar que Sholokhov merecia o Nobel de Literatura ao recusar o prêmio em 1964. No ano seguinte, a Academia Sueca finalmente o agraciou, destacando sua integridade artística e a força de seu épico sobre os cossacos do Don.
Mikhail Sholokhov faleceu em 1984, aos 78 anos, e foi enterrado no quintal de sua casa, na vila de Vyoshenskaya, às margens do rio Don. Sua esposa, Maria, faleceu em 1992 e foi sepultada ao seu lado.
Embora hoje pouco lembrado fora da Rússia, seu legado permanece vivo, como uma das vozes mais poderosas na literatura que narra as guerras, os traumas e as transformações da sociedade russa no século XX.
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