O Pix, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central do Brasil, se tornou um dos principais alvos da nova ofensiva do governo norte-americano liderado por Donald Trump. Lançado em 2020, o Pix revolucionou as transações financeiras no país ao permitir pagamentos em tempo real, sem taxas, e com ampla acessibilidade digital.
A popularização do Pix reduziu significativamente a dependência de cartões de crédito e débito, setores tradicionalmente dominados por grandes empresas norte-americanas como Visa e Mastercard. Essa mudança abalou o mercado e ameaçou a hegemonia dessas companhias no Brasil, gerando reações no campo comercial e político.
Na terça-feira (15), o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) abriu uma investigação sob a chamada Seção 301, acusando o Brasil de favorecer serviços públicos e instituições nacionais em detrimento de empresas norte-americanas. Na prática, a medida abre caminho para a imposição de sanções, tarifas ou exigências de alterações no sistema.
Motivações políticas e apoio a Bolsonaro
Além das pressões econômicas, a medida também tem forte carga política. O governo Trump tem manifestado apoio aberto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu em processos no Supremo Tribunal Federal (STF) relacionados à tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023.
Para analistas, a ofensiva contra o Pix é vista como parte de uma estratégia de desgaste político contra o governo Lula e uma tentativa de deslegitimar conquistas institucionais do Brasil. Como o Pix é extremamente popular entre a população — com mais de 160 milhões de usuários cadastrados —, qualquer pressão para desmantelá-lo tende a gerar forte rejeição no país.
Reação do governo brasileiro
O governo Lula estuda acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e tem reiterado que o Pix foi desenvolvido com base em princípios de inovação e inclusão, sem qualquer medida discriminatória contra empresas estrangeiras. Além disso, o sistema está aberto à integração com players internacionais que cumpram as regras do Banco Central.
“A tentativa de vincular o Pix a práticas comerciais desleais é infundada. Trata-se de um ataque a uma política pública de sucesso que democratizou o acesso ao sistema financeiro”, afirmou uma fonte do Ministério da Fazenda à imprensa.
Pix como trunfo geopolítico
Diante da guerra tarifária iniciada por Trump, o Pix também tem sido interpretado como uma resposta estratégica brasileira, demonstrando independência tecnológica e financeira. Seu modelo vem sendo exportado para países da América Latina, da África e do Sudeste Asiático, o que amplia sua relevância internacional.
Conclusão
O embate sobre o Pix simboliza uma disputa maior entre dois modelos: um centrado no domínio de grandes corporações financeiras e outro voltado à inovação pública e à inclusão digital. Com potencial impacto sobre milhões de brasileiros e uma tensão crescente entre os governos de Brasil e Estados Unidos, o caso promete ser um dos focos centrais da agenda diplomática nos próximos meses.
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