O número de palestinos mortos ao tentar acessar alimentos na Faixa de Gaza chegou a 516 nesta terça-feira (24), segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. As mortes ocorreram desde o início das operações da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), há cerca de um mês, responsável pela distribuição de comida em áreas controladas por Israel.
Somente nesta manhã, mais 50 pessoas morreram após novo ataque em um dos centros de distribuição, conforme dados confirmados por agências das Nações Unidas e organizações não governamentais atuantes na região. Testemunhos e vídeos mostram multidões famintas correndo sob disparos de metralhadoras.
A GHF é a única organização autorizada por Israel e pelos Estados Unidos a operar a entrega de alimentos em Gaza, o que tem gerado graves denúncias de uso político e militar da ajuda humanitária. Segundo o Hamas, os pontos de distribuição funcionam como “armadilhas mortais”.
“O massacre diário em torno dos centros de ajuda dos EUA e do sionismo na Faixa de Gaza representa um dos crimes mais hediondos da era moderna”, afirmou o grupo palestino em nota oficial.
De acordo com o Escritório da ONU para Assuntos Humanitários (Ocha), desde a reabertura parcial da fronteira, mortes de civis têm ocorrido quase diariamente. “Observamos um padrão assustador de forças israelenses abrindo fogo contra multidões famintas”, declarou Jonathan Whittall, chefe do Ocha para Gaza.
Crise humanitária
O Ministério da Saúde de Gaza estima que 3,7 mil pessoas já ficaram feridas nos centros da GHF. A UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, sustenta que os alimentos fornecidos são insuficientes e denuncia uma situação de fome generalizada entre os dois milhões de habitantes do enclave.
Segundo a agência, mais de 5 mil crianças foram tratadas por desnutrição aguda apenas em maio, um aumento de 150% em relação a fevereiro.
O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, denunciou que “a infraestrutura pública está sendo destruída para impedir o retorno dos palestinos”, em um processo que ele classifica como uma estratégia de desintegração territorial e demográfica.
Enquanto isso, cerca de 6 mil caminhões com ajuda humanitária continuam parados na fronteira, impedidos de entrar por ordem de Israel, que alega o risco de desvio dos insumos para o Hamas.
Conflito e acusações de genocídio
A atual fase do conflito teve início em 7 de outubro de 2023, quando o Hamas lançou um ataque surpresa contra Israel, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo 220 reféns. Em resposta, o Exército israelense iniciou uma ofensiva sem precedentes que já matou dezenas de milhares de palestinos, destruiu a infraestrutura básica de Gaza e deslocou a maior parte da população.
Diversos países e organizações internacionais, incluindo especialistas da ONU, classificam a ação como genocídio. O governo de Benjamin Netanyahu nega e justifica a ofensiva como parte de uma campanha para destruir o Hamas e libertar os reféns.
No entanto, a comunidade internacional intensifica a pressão por um cessar-fogo e pelo cumprimento do direito humanitário, que prevê o livre acesso da ajuda à população civil — condição que, segundo a ONU, Israel e seus aliados continuam descumprindo.
*Com informação da Agência Brasil. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
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