A madrugada deste sábado (21) marcou mais um capítulo alarmante na escalada do conflito entre Israel e Irã, com a Força Aérea israelense bombardeando uma instalação nuclear iraniana na província de Isfahan. Esta é a quinta unidade nuclear atingida por Israel desde o início das hostilidades, que já deixaram cerca de 430 mortos do lado iraniano e 25 do lado israelense, segundo dados oficiais.
Embora ataques a instalações nucleares sejam considerados ilegais pelo direito internacional, Israel afirma que os bombardeios têm como objetivo eliminar as capacidades nucleares do Irã, que, segundo acusações de Tel Aviv, estaria próximo de desenvolver uma arma atômica.
Em resposta, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, declarou que não havia material nuclear no local atingido em Isfahan, o que afasta riscos imediatos de contaminação. No entanto, ele alertou que os ataques contínuos representam uma “forte degradação da segurança nuclear do país”.
“Embora até agora não tenham causado liberação radiológica que afete o público, há o perigo de que isso possa ocorrer”, afirmou Grossi, destacando a preocupação com possíveis impactos futuros, principalmente em áreas densamente povoadas.
Risco crescente em Bushehr
Uma das maiores preocupações da AIEA é a Central Nuclear de Bushehr, que permanece intacta, mas vulnerável. Se atacada, pode haver liberação massiva de radioatividade. A interrupção das linhas de energia da central, por exemplo, poderia levar ao derretimento do núcleo do reator, exigindo evacuações em massa.
Situação crítica em Natanz e Teerã
Os bombardeios israelenses destruíram a infraestrutura elétrica do centro de enriquecimento de urânio em Natanz. Embora não haja riscos externos imediatos, a instalação apresenta contaminação radiológica e química interna, incluindo partículas alfa, perigosas se inaladas ou ingeridas.
As instalações de Arak e o centro de pesquisa de Teerã, também atacados, não continham material nuclear no momento, segundo a AIEA. No entanto, Grossi alertou que um possível ataque ao Reator de Pesquisa Nuclear de Teerã poderia afetar grandes áreas da capital e sua população.
Conflito geopolítico e denúncias mútuas
Desde 13 de junho, Israel intensificou sua campanha contra o Irã, alegando que o país estaria à beira de obter uma arma nuclear. Teerã, por sua vez, nega, afirmando que seu programa tem fins pacíficos e que negociava acordos com os EUA dentro do escopo do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), do qual é signatário.
Apesar disso, a AIEA vinha acusando o Irã de não cumprir integralmente suas obrigações. O governo iraniano responde que a agência atua sob influência de potências ocidentais aliadas a Israel.
Em março, a inteligência dos Estados Unidos concluiu que o Irã não estava construindo uma bomba atômica, mas o presidente Donald Trump voltou a questionar esse relatório e avalia uma possível entrada direta dos EUA na guerra.
Israel e seu arsenal não declarado
Embora cobre a desmilitarização nuclear do Irã, Israel nunca assinou o TNP e é amplamente reconhecido como um dos nove países com armas nucleares. Estimativas sugerem que Tel Aviv possua ao menos 90 ogivas atômicas, mantidas em segredo desde os anos 1950.
A Resolução 487 do Conselho de Segurança da ONU afirma que qualquer ataque a instalações nucleares é uma violação grave do direito internacional e ameaça o sistema global de não proliferação.
Com os ataques sistemáticos a complexos iranianos e a crescente tensão, a comunidade internacional observa com preocupação a possibilidade de um desastre nuclear no Oriente Médio — e um conflito com proporções ainda maiores.
Com informação da Agência Brasil.Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
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