Durante missão oficial aos Estados Unidos para negociar a suspensão das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, previstas para entrar em vigor em 1º de agosto, senadores brasileiros ouviram um recado direto de parlamentares norte-americanos: “é preciso rever as relações com Moscou”.
A informação foi divulgada pela assessoria do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), que lidera a comitiva brasileira. Segundo a nota, tanto congressistas democratas quanto republicanos destacaram que o Brasil deve reduzir ou interromper a importação de combustíveis da Rússia, que tem crescido desde o início da guerra na Ucrânia.
“A pressão para que o Brasil reduza ou interrompa a importação de combustível da Rússia dominou os encontros entre senadores brasileiros e parlamentares norte-americanos”, diz o comunicado.
Embora as relações com a China também tenham sido mencionadas, o foco principal das críticas foi o petróleo russo. Os norte-americanos pediram que o Brasil adote mecanismos de rastreabilidade para garantir a origem dos combustíveis importados.
Em resposta, os senadores brasileiros apresentaram propostas técnicas, destacando que os dispositivos regulatórios existentes já respeitam os princípios de transparência e rastreabilidade no comércio internacional.
Chanceler rebate pressão e cita hipocrisia europeia
Antes da missão diplomática, o governo brasileiro já havia reagido às pressões internacionais. Em resposta às ameaças feitas pelo secretário-geral da OTAN, que sugeriu tarifas secundárias de até 100% para países como Brasil, China e Índia caso mantivessem comércio com a Rússia, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, rebateu:
“Talvez ele não esteja informado, como é da área militar, e não comercial, que a União Europeia compra atualmente 6% do petróleo bruto russo, 51% do gás natural e 6% do gás liquefeito”, afirmou Vieira.
O chanceler reiterou que as relações comerciais entre Brasil e Rússia são decisões soberanas e bilaterais, fora da alçada de alianças militares ou potências estrangeiras.
Contexto geopolítico
As ameaças de tarifa fazem parte de um esforço dos EUA e da OTAN para isolar economicamente a Rússia, em resposta à guerra na Ucrânia. No entanto, países emergentes como o Brasil têm resistido à pressão, buscando manter autonomia diplomática e interesses comerciais próprios.
A comitiva brasileira retorna ao país nesta semana, com a expectativa de que as negociações possam evitar prejuízos ao agronegócio e à indústria nacional com o iminente tarifaço norte-americano.
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