Após a divulgação da Declaração do Rio de Janeiro na 17ª Cúpula do Brics, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifas extras a países alinhados ao bloco. No entanto, especialistas ouvidos pela Agência Brasil avaliam que essas advertências dificilmente impedirão o avanço de acordos comerciais em moedas nacionais.
Para o economista Luiz Belluzzo, da Unicamp, a busca por transações em moeda local “não é algo novo” e já ocorre em negociações bilaterais, como entre Brasil e China ou Índia. “Os países do Brics não estão tentando criar uma nova moeda‑reserva, mas sim estabelecer relações em suas próprias moedas, escapando das determinações do dólar.”
O professor Antonio Jorge Ramalho da Rocha, da UnB, ressalta que o estilo “belicoso” de Trump pode até acelerar a redução do uso do dólar. “Seu gosto por taxações só trará prejuízos aos EUA e estimulará os demais países a depender cada vez menos dos americanos”, afirma.
Já André Roncaglia, diretor‑executivo do Brasil no FMI, vê na criação de uma infraestrutura monetária local uma forma de minimizar custos de transação e aumentar a resiliência a choques no dólar. “Em caso de crise da moeda americana, ter sistemas de pagamentos alternativos protege a economia dos países,” explica.
Nos comunicados oficiais, o Brics condenou sanções unilaterais e defendeu uma ordem comercial mais justa. Embora ainda sem detalhes sobre os progressos na interoperabilidade dos sistemas de pagamento, o grupo reconheceu avanços na estímulo a transações em moedas locais. As negociações continuarão no segundo semestre, antes da presidência indiana do bloco em janeiro de 2026.
O Brics reúne 11 membros permanentes — entre eles Brasil, Rússia, Índia e China — e representa 39% da economia mundial, 48,5% da população global e 23% do comércio internacional. Em 2024, o bloco respondeu por 36% das exportações brasileiras e forneceu 34% das importações do país.
*Da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.