O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central indicou, por meio da ata divulgada nesta terça-feira (24), que a taxa básica de juros (Selic) deverá permanecer em 15% ao ano por um “período prolongado”. A decisão reflete a persistência da inflação acima da meta e a pressão da demanda interna, que segue aquecida.
A taxa havia sido elevada em 0,25 ponto percentual na última reunião, encerrando o ciclo de altas iniciado anteriormente. Agora, segundo o comitê, é hora de avaliar se o nível atual é suficiente para conduzir a inflação de volta ao centro da meta, diante de um cenário ainda desafiador.
Segundo a ata, os núcleos de inflação permanecem acima do nível compatível com a meta, exigindo uma postura mais rigorosa da política monetária. “A desancoragem das expectativas de inflação demanda uma restrição monetária maior e por mais tempo do que outrora seria apropriado”, afirmou o comitê.
Inflação e metas
Em maio, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 0,26%, com desaceleração dos preços de alimentos. Mesmo assim, o acumulado em 12 meses está em 5,32%, acima do teto da nova meta contínua de inflação, fixada em 3%, com tolerância entre 1,5% e 4,5%.
O novo modelo de metas do BC, vigente desde janeiro, permite uma verificação mensal da inflação acumulada em 12 meses, substituindo o antigo critério que avaliava o índice apenas ao final de cada ano.
Cenário externo e interno
O Copom destacou que o cenário internacional segue incerto, especialmente diante da política fiscal e comercial dos Estados Unidos, além das tensões geopolíticas no Oriente Médio que afetam os preços do petróleo. O ambiente global volátil exige cautela, especialmente para países emergentes como o Brasil.
Internamente, o mercado de trabalho continua mostrando força, com geração de empregos formais e aumento da renda. A atividade econômica, porém, apresenta sinais de moderação em alguns setores, como comércio e serviços.
Crescimento e crédito
O Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre trouxe crescimento puxado principalmente pela agropecuária, enquanto outros setores demonstraram leve desaceleração. Ainda assim, o mercado de crédito se mantém aquecido, impulsionado pela melhora no emprego e na renda
Decisão de juros
Diante de um cenário complexo e multifacetado, o Copom decidiu elevar a Selic para 15% ao ano e interromper novas altas, ao menos por ora. A estratégia é observar os efeitos das medidas já adotadas antes de novas intervenções. “Grande parte dos impactos da taxa mais contracionista ainda está por vir”, apontou a ata.
Com isso, o Banco Central reforça sua postura de vigilância em relação à inflação e mantém a porta aberta para ajustes futuros, caso os indicadores não apontem para a convergência da inflação dentro da meta.
*Com informação da Agência Brasil. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
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