O Índice de Preços ao Produtor (IPP), divulgado nesta quinta-feira (4) pelo IBGE, apontou queda de 1,29% nos preços da indústria nacional em maio, em comparação com abril. É a maior retração registrada em 2025 até agora, e a mais intensa desde junho de 2023 (-2,72%). Este é o quarto mês consecutivo de recuo no indicador, que mede a variação dos preços “na porta da fábrica”, sem impostos ou fretes.
Com o resultado de maio, o IPP acumula queda de 1,97% no ano, o segundo pior desempenho para os cinco primeiros meses do ano desde o início da série histórica. Em 12 meses, o índice segue em alta: 5,78%. Em maio de 2024, a variação mensal havia sido positiva, de 0,36%.
Segundo o gerente da pesquisa, Murilo Alvim, a retração está ligada principalmente à queda nos preços de commodities e à valorização do real frente ao dólar, que reduziu em 2% no mês e já acumula queda de 7,1% no ano. Esses fatores impactam diretamente o custo de produção em diversos segmentos industriais.
Alimentos lideram recuo
O setor de alimentos, com queda de 1,33%, foi o maior responsável pela retração do índice. Após ter registrado variação positiva em abril (1,52%), voltou a cair devido à maior oferta de produtos como cana-de-açúcar e soja, em plena safra. O grupo de fabricação e refino de açúcar registrou recuo de 4,68%, puxado pela queda do dólar e consequente barateamento do açúcar VHP, voltado para exportação. Derivados da soja também contribuíram para a queda, com destaque para a fabricação de óleos e gorduras vegetais (-3,05%).
No acumulado do ano, o setor de alimentos registra queda de 2,81%, com alta de 10,99% em 12 meses – a menor nesse tipo de comparação desde outubro de 2024. Ainda assim, o setor teve a maior influência na variação mensal do índice (-0,34 ponto percentual).
Derivados de petróleo e produtos químicos também recuam
O setor de refino de petróleo e biocombustíveis caiu 2,77% em maio, o terceiro mês consecutivo de baixa. A retração foi puxada pela queda nos preços de derivados como óleo diesel, óleo combustível e nafta. Já o acumulado em 12 meses ficou em 0,68%, o menor desde dezembro de 2024.
Outros produtos químicos apresentaram queda de 3,11%, intensificando o ritmo de desaceleração iniciado em abril. A baixa foi influenciada principalmente por derivados do petróleo, como propeno e resinas termoplásticas, especialmente o polipropileno. Apesar disso, o setor ainda mantém alta de 0,34% no ano e de 9,36% em 12 meses.
Influência do câmbio e categorias econômicas
A valorização do real frente ao dólar tem sido um dos principais vetores de influência sobre os preços industriais, principalmente nos bens intermediários, que são amplamente atrelados às commodities cotadas em dólar. Essa categoria foi a que mais influenciou o índice de maio (-1,29 ponto percentual), com variação de -2,37%. Já os bens de capital registraram variação de -0,02%, enquanto os bens de consumo ficaram estáveis (0,00%).
No grupo de bens de consumo duráveis, houve alta de 0,35%, enquanto os semiduráveis e não duráveis caíram 0,07%.
Setores com maior variação
Entre os 24 setores analisados, 17 apresentaram queda nos preços em maio. Os destaques foram:
- Impressão (+4,36%) – única variação expressiva positiva
- Metalurgia (-3,46%)
- Outros produtos químicos (-3,11%)
- Indústrias extrativas (-3,03%)
Esses setores foram os que mais contribuíram para o resultado geral da indústria no mês.
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