A edição de julho do Boletim Macrofiscal, divulgada nesta sexta-feira (11/7) pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, trouxe duas revisões importantes nas projeções econômicas para o Brasil em 2025: a elevação do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,4% para 2,5% e a redução da estimativa de inflação medida pelo IPCA, de 5% para 4,9%.
Apresentado em coletiva na sede da Fazenda, em Brasília, o documento foi detalhado pelo secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, e pelas subsecretárias Raquel Nadal (Macroeconomia) e Débora Freire (Política Fiscal).
Segundo Mello, as expectativas de mercado têm, em geral, se alinhado gradualmente às previsões da secretaria:
“As expectativas de mercado, recorrentemente, têm iniciado um pouco descoladas das expectativas da SPE, mas, via de regra, têm convergido”, afirmou.
A alta da projeção do PIB se baseia principalmente na resiliência do mercado de trabalho observada no segundo trimestre de 2024, com reflexos positivos no consumo das famílias, mesmo em cenário de política monetária restritiva. Para os anos seguintes, o crescimento projetado gira em torno de 2,6% ao ano. Já para o segundo trimestre de 2025, a expectativa é de desaceleração do crescimento para 0,6% na margem trimestral.
A revisão da inflação decorre de resultados abaixo do esperado nos meses de maio e junho, além da valorização prevista do real frente ao dólar. A estimativa para o IPCA de 2026 permanece em 3,6%, dentro da meta, e deve convergir ao centro da meta a partir de 2027.
Outros indicadores também foram ajustados:
- INPC (2025): de 4,9% para 4,7%
- IGP-DI (2025): de 5,6% para 4,6%
Tarifas dos EUA e impactos limitados
Mello ressaltou que as projeções ainda não consideram os possíveis efeitos da elevação das tarifas de importação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, que subirão de 10% para 50% a partir de 1º de agosto.
Ele avaliou que o impacto macroeconômico deve ser pequeno, graças à diversificação comercial brasileira e à menor dependência do mercado norte-americano:
“Hoje é diferente do que era há 20 anos. O Brasil está menos vulnerável”, disse.
Segundo Mello, setores mais impactados tendem a ser os manufaturados, que enfrentam mais dificuldades de redirecionamento de mercado do que os produtos básicos. Por outro lado, a medida pode até ter efeito deflacionário interno, já que a barreira às exportações pode aumentar a oferta de itens como carne, café e suco de laranja no mercado brasileiro.
Atualmente, as exportações representam cerca de 18% do PIB, sendo 12% destinadas aos EUA, o equivalente a 2,16% do PIB. Produtos básicos lideram a pauta exportadora para o país norte-americano, com destaque para petróleo, ferro, aço, celulose, café, suco e carne.
Mercado de trabalho e crédito
Outro destaque do boletim foi a melhora no mercado de trabalho. A taxa de desemprego caiu de 6,5% para 6,1% entre março e maio, com aumento na taxa de participação e redução nas taxas de subutilização e informalidade.
“O Brasil está gerando novos empregos e com qualidade”, afirmou Raquel Nadal.
Já o mercado de crédito segue com ritmo de desaceleração nas concessões, especialmente para pessoas físicas. As emissões de debêntures também apresentaram crescimento mais lento no mesmo período.
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