A Temporada Cultural França-Brasil 2025 ganha destaque neste segundo semestre com a chegada da programação francesa a 15 cidades brasileiras. Entre agosto e dezembro, o público poderá participar de exposições, óperas, apresentações de dança, mostras de artes visuais, fóruns, oficinas, feiras literárias e residências artísticas em estados de todas as regiões do país.
A programação é fruto de um acordo firmado em 2023 entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Emmanuel Macron, e busca fortalecer os laços entre as duas nações, renovar a cooperação cultural e promover debates contemporâneos. Temas como diversidade, democracia, relações com a África e transição ecológica estão no centro da proposta.
“Queremos quebrar os clichês que ainda existem de ambos os lados. O Brasil é muito mais que carnaval e futebol. E a França é muito mais que moda e gastronomia”, afirma Anne Louyot, comissária-geral da Temporada pelo lado francês. A diplomata destaca que a proposta é criar pontes duradouras entre instituições culturais e a sociedade civil dos dois países.

No primeiro semestre, artistas brasileiros ocuparam palcos e galerias francesas. Agora, é a vez do Brasil receber mais de 230 projetos que envolvem cooperação com museus, universidades, ONGs, coletivos culturais e jovens artistas de diversas regiões da França, incluindo territórios ultramarinos como a Guiana Francesa, Guadalupe e Martinica.
A temporada se espalhará por São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belém, Salvador, Recife, Fortaleza, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Campinas, São Luís, Teresina, João Pessoa e Macapá.
Cultura como ferramenta diplomática
Para Anne Louyot, a diplomacia cultural é um instrumento poderoso e duradouro. “Ela atua diretamente entre as pessoas, as instituições, e não depende das cores políticas. Isso torna as relações mais resilientes”, explica.
A comissária enfatiza que, além das expressões artísticas, a temporada traz um forte componente de debate de ideias. Um dos destaques será o Fórum Juventude e Democracia, que reunirá 40 jovens do Brasil e 40 da França para discutir caminhos de fortalecimento democrático por meio da sociedade civil.
Relação com a África e renovação de narrativas
Outro eixo central é o resgate e valorização das heranças africanas nas culturas brasileira e francesa. Louyot lembra que tanto o Brasil quanto a França possuem populações afrodescendentes expressivas e histórias ligadas ao colonialismo. “Queremos propor um novo triângulo de cooperação entre América Latina, Europa e África”, pontua.
Ela cita como exemplo iniciativas francesas como a exposição Paris Noir, em cartaz no Centro Pompidou, e a criação da Mansá, a Casa dos Mundos Africanos, que busca dar protagonismo às comunidades negras dentro da cultura francesa contemporânea.
Arte acessível e conexão com o público
Na curadoria, Louyot deu preferência a obras e projetos que estabeleçam diálogo direto com o público, buscando superar a distância imposta por certa arte contemporânea mais hermética. “Vemos hoje um movimento de retorno à figura, à matéria, à empatia. A arte precisa se reconectar com as pessoas”, afirma.
Expectativas para o segundo semestre
A comissária define a temporada como um manifesto de amizade entre França e Brasil. “Quero que essa temporada gere novas curiosidades, novos projetos, e inspire as juventudes dos dois países a trabalharem juntas por um mundo melhor”, conclui.
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