A 23ª edição da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) chegou ao fim neste domingo (3) com saldo positivo: 34 mil pessoas passaram pelo evento, um aumento de 10% em relação ao ano anterior, segundo a organização. Neste ano, a festa teve como autor homenageado o poeta Paulo Leminski, cujo legado foi celebrado em diversas atividades ao longo dos cinco dias de programação.
A abertura, realizada na quarta-feira (30), contou com Arnaldo Antunes, amigo e parceiro artístico de Leminski, lendo trechos das obras e relembrando momentos marcantes ao lado do poeta. Alice Ruiz, ex-companheira de Leminski e poeta renomada, também foi destaque no palco principal.
Família Leminski presente

As filhas do escritor, Estrela e Áurea Ruiz Leminski, participaram ativamente da programação. Estrela, que também é poeta, lançou o romance “Quando a inocência morreu”, apresentado na Casa de Cultura com leitura de trechos por Alice Ruiz. Ela classificou o momento como “emocionante”, reforçando o trabalho familiar na gestão e preservação da obra de Leminski.
Áurea, presidente do Instituto Paulo Leminski, destacou os desafios atuais na divulgação da obra do pai, especialmente nas redes sociais. Também relembrou contos esquecidos do autor, como “Gozo Fabuloso”, que foi recuperado após quase ter sido descartado.
Concurso e emoção
Na Casa Flip+Motiva, o conto vencedor do 1º concurso da casa, “Do lado de cá da fronteira”, de Carolina Panta, emocionou o público ao abordar a perda do pai, com inspiração direta na obra de Leminski. A autora leu seu texto diante de Áurea Leminski, que se emocionou e celebrou o impacto da literatura na memória afetiva.
Números e destaques da Flip 2025
O programa principal reuniu 36 autores e autoras, nacionais e internacionais, em 21 mesas — sendo uma extra. Entre os nomes mais prestigiados do público estiveram:
- Gregorio Duvivier
- Ilan Pappe
- Marina Silva
- Nei Lopes
- Rosa Montero
Outros braços da feira, como a Flipinha, Flipzona, FlipEduca e Flip+, também agitaram Paraty. O número de Casas Parceiras cresceu de 29 para 35, com atrações como Conceição Evaristo, Ana Maria Gonçalves, Jamil Chade e Jean Willys.
Na Praça Aberta, localizada na margem esquerda do Rio Perequê-açu, mais de 140 autores e coletivos editoriais participaram de encontros com a comunidade local e editoras independentes.
Debates marcantes
A mesa “Breve história do longo conflito”, com o historiador israelense Ilan Pappe, atraiu atenção ao tratar do conflito entre Israel e Palestina. Ele classificou o sionismo como uma forma de colonialismo de assentamento, em crítica contundente à política israelense.
A ministra Marina Silva também foi destaque em debate sobre meio ambiente. Em uma das mesas mais assistidas no YouTube da Flip, ela alertou sobre o enfraquecimento das regras de licenciamento ambiental e seus impactos nas metas climáticas do Brasil.
O sambista e intelectual Nei Lopes encantou o público na mesa “Senhora Liberdade”, refletindo sobre a cultura afro-brasileira, o samba e sua ancestralidade.
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