O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (11) que o Brasil não vai ceder à pressão dos Estados Unidos após o anúncio de sanções econômicas pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, que impôs tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros, com vigência a partir de 1º de agosto.
“Esse país não baixará a cabeça para ninguém. Ninguém porá medo nesse país com discurso e com bravata. E eu acho que, nesse aspecto, nós vamos ter o apoio do povo brasileiro, que não aceita nenhuma provocação”, declarou Lula, durante evento no Espírito Santo.
A medida unilateral dos EUA gerou forte reação de empresários, sindicatos e parlamentares brasileiros, que apontam retaliação política motivada pelo julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
Resposta com Lei de Reciprocidade
Lula também sinalizou que o Brasil pode aplicar a Lei de Reciprocidade caso as negociações com Washington fracassem.
“Entre comércio e serviço, nós temos um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA nos últimos 10 anos. Eu que deveria taxar ele”, disse o presidente, em crítica à alegação de Trump de que os EUA têm prejuízo na balança comercial com o Brasil.
Críticas a Bolsonaro
Lula também acusou Jair Bolsonaro de atuar contra o Brasil no exterior para tentar escapar do julgamento por tentativa de golpe de Estado. O presidente criticou o fato de Eduardo Bolsonaro ter se licenciado do cargo de deputado para pedir apoio a Trump, nos EUA.
“O ‘coisa’ mandou o filho, que era deputado, se afastar da Câmara para ir lá ficar pedindo: ‘Ô Trump, pelo amor de Deus, salva meu pai, não deixa meu pai ser preso’. É preciso que essa gente crie vergonha na cara”, afirmou Lula.
O presidente destacou ainda que as denúncias contra Bolsonaro não vêm de adversários políticos, mas de generais e ex-assessores militares que atuaram diretamente com ele durante o governo.
Acusações da PGR
Bolsonaro é investigado pela Procuradoria-Geral da República por supostamente liderar uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Lula, com apoio de militares, e segundo delações, chegou a planejar assassinatos do presidente, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.
Nas redes sociais, Bolsonaro elogiou Trump e culpou a “perda de compromisso com a liberdade” pelas sanções. Ele pediu que os poderes brasileiros “ajam com urgência”.
Contexto geopolítico
Segundo analistas ouvidos pela Agência Brasil, a taxação imposta por Trump é uma tentativa de interferência política e judicial, em resposta à aproximação do Brasil com o Brics, à regulação das big techs e ao fortalecimento do país em fóruns multilaterais.
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