O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender neste domingo (3) a criação de uma moeda alternativa ao dólar para o comércio internacional, em resposta ao aumento de tarifas dos Estados Unidos (EUA) sobre produtos brasileiros. Segundo Lula, o Brasil precisa garantir autonomia econômica e não pode ficar subordinado à moeda americana.
“Eu não vou abrir mão de achar que a gente precisa procurar construir uma moeda alternativa para que a gente possa negociar com os outros países. Eu não preciso ficar subordinado ao dólar”, declarou o presidente, durante discurso na convenção nacional do PT, em Brasília.
A declaração acontece após a imposição de uma tarifa de 50% por parte dos EUA sobre cerca de 36% das exportações brasileiras. Embora o governo norte-americano não tenha declarado oficialmente o motivo da medida, analistas apontam que a proposta de substituição do dólar no comércio internacional – em debate no bloco Brics – estaria por trás da decisão. Durante a Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro entre 6 e 7 de julho, o presidente Donald Trump criticou o bloco e prometeu retaliações contra países que tentarem abandonar o dólar.
Lula reforçou que o Brasil não busca confronto com os Estados Unidos, mas exigiu respeito à soberania e aos interesses econômicos do país. “Nós queremos crescer. E nós não somos uma republiqueta. Tentar colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável”, afirmou. O presidente também mencionou críticas dos EUA ao julgamento de Jair Bolsonaro por tentativa de golpe como possível motivação política para o tarifaço.
Apesar da tensão, Lula afirmou que o Brasil segue aberto ao diálogo. “O Brasil hoje não é tão dependente como já foi dos Estados Unidos. Temos uma relação comercial ampla com o mundo inteiro. Mas eu compreendo a importância da relação diplomática com os EUA, que já dura 201 anos”, pontuou.
Segundo o presidente, o governo vai defender empresas e trabalhadores afetados pelas tarifas e manter as propostas de negociação em aberto. “Já foram apresentadas propostas pelo vice-presidente Alckmin e pelo chanceler Mauro Vieira. Quando quiserem negociar, as propostas estão na mesa”, concluiu.
Negociações em andamento
A Secretaria do Tesouro dos EUA procurou o Ministério da Fazenda para iniciar tratativas formais. Na última sexta-feira (1º), Trump afirmou publicamente que está disposto a conversar com Lula. De acordo com o ministro Fernando Haddad, o governo brasileiro anunciará nos próximos dias um pacote de medidas com linhas de crédito para ajudar as empresas impactadas pelo tarifaço.
Após tarifaço dos EUA sobre 36% das exportações brasileiras, Lula defende criação de moeda alternativa ao dólar e reafirma independência econômica do Brasil. Trump indica possibilidade de diálogo.
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