Um desmoronamento de grandes proporções no aterro sanitário Ouro Verde, localizado no município de Padre Bernardo (GO), causou uma grave contaminação do Córrego Santa Bárbara e, em seguida, do Rio do Sal, nesta quarta-feira (18). O incidente mobilizou a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad-GO), que classificou a situação como “muito crítica e muito grave”.
Segundo a secretária Andréa Vulcanis, o volume de resíduos sólidos que deslizou para o curso d’água foi “de milhares de toneladas”, gerando grande quantidade de chorume e risco ambiental severo.
“Esse lixo atingiu o curso da água, e isso provoca muitos impactos ambientais. São danos gravíssimos”, afirmou a secretária.
Interdição e risco de novos desmoronamentos
A Semad interditou o aterro sanitário e proibiu o recebimento de novos carregamentos de lixo, alegando instabilidade no solo e risco de novos colapsos. Técnicos relataram movimentações no terreno e o local está sendo monitorado com drones.
Contaminação dos cursos d’água
Apesar de estar próximo ao Reservatório do Descoberto, que abastece Brasília, a Semad esclareceu que o deslizamento não compromete o abastecimento da capital federal, pois a área pertence a outra bacia hidrográfica.
No entanto, a água do Córrego Santa Bárbara e do Rio do Sal não pode mais ser utilizada para consumo humano, agricultura ou piscicultura. Propriedades próximas estão sendo orientadas a não fazer uso da água contaminada.
Situação legal e embargos anteriores
O aterro operava sem licença ambiental válida e havia sido alvo de sete autos de infração e embargos administrativos. Mesmo assim, seguiu funcionando amparado por liminares judiciais concedidas pelo Tribunal de Justiça de Goiás e pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1).
“Isso aqui era uma tragédia anunciada, que já havíamos informado ao Judiciário”, lamentou Andréa Vulcanis.
A Procuradoria-Geral do Estado de Goiás está trabalhando para revogar a liminar vigente e encerrar judicialmente a operação do aterro.
Manifestações e repúdio
A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes) emitiu nota de repúdio ao desastre, destacando a contaminação de solos e água, liberação de gases tóxicos e riscos à saúde pública. A entidade exigiu a apuração das responsabilidades, medidas emergenciais e ações preventivas para evitar novos acidentes.
A Abes também alertou para a situação precária dos lixões no Brasil e pediu atenção especial à segurança de catadores de materiais recicláveis, que costumam atuar nesses espaços.
A empresa Aterro Ouro Verde, responsável pela operação, ainda não foi localizada para se manifestar. A Agência Brasil segue tentando contato e permanece aberta a esclarecimentos.
*Com informação da Agência Brasil.Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
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