Fruto de uma parceria entre a Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult) e o Sebrae-ES, o Atlas do Folclore Capixaba traça um amplo panorama das manifestações populares que fazem parte da identidade cultural do Estado. Com base em mais de 300 entrevistas em 56 municípios, o projeto reúne registros sobre danças, festas religiosas, saberes tradicionais, música e artesanato, revelando um patrimônio vivo, dinâmico e profundamente enraizado nas comunidades locais.
O Espírito Santo é marcado por uma identidade cultural plural, resultado da convivência entre povos indígenas, africanos, portugueses e diversos grupos de imigrantes europeus e do Oriente Médio. Essa mistura é visível nas festas populares, na religiosidade e nas manifestações folclóricas transmitidas de geração em geração.
Principais manifestações do folclore capixaba
Alardo ou Bate-flechas
De inspiração religiosa, o Alardo homenageia São Sebastião e São João Batista. O grupo, formado por homens e mulheres, dança em terreiros com flechas nas mãos que marcam o ritmo. Os trajes vão do cotidiano aos adornos que lembram indígenas, com penachos e saias de palmito. A música é conduzida por tambores e pequenos conjuntos.
Boi Pintadinho (ou Bumba-meu-boi)
Espetáculo popular que mistura teatro, dança e música, é composto principalmente por homens, com personagens como o boi, a mulinha e o vaqueiro. O boi é confeccionado artesanalmente e interage com o público em apresentações cheias de humor e simbolismo.
Capoeira
Tradicional arte afro-brasileira, mistura luta, dança e jogo. No Espírito Santo, mantém viva a herança africana por meio da música com berimbaus, atabaques, cantigas e movimentos coreografados, sendo praticada tanto em academias quanto em rodas populares.
Danças folclóricas de origem europeia
Nas regiões serranas, imigrantes italianos, alemães, pomeranos e outros mantêm vivas danças típicas, que hoje fazem parte da cultura popular capixaba. Executadas em rodas, pares ou fileiras, essas danças representam alegria e tradição familiar.
Folia de Reis
Festejo católico típico do ciclo natalino, onde grupos de músicos visitam casas entoando cantigas religiosas. A tradição é marcada por instrumentos como viola, sanfona e rabeca. Em algumas localidades, eventos incluem almoços e jantares comunitários com danças típicas.
Jongo
De origem africana, o Jongo mistura dança, canto e tambores. Considerado um ancestral do samba, é mantido vivo em comunidades do Norte e Sul do Espírito Santo, especialmente em São Mateus, Conceição da Barra e Cachoeiro de Itapemirim.
Pastorinhas (ou Lapinhas)
Apresentações natalinas protagonizadas por mulheres que, vestidas com roupas típicas, dançam diante de presépios cantando músicas religiosas. A tradição envolve visitas a residências com presépios, reforçando o espírito comunitário e a fé.
Reis de Boi
Auto popular que mistura teatro e devoção aos Santos Reis. Em clima de sátira e dramaticidade, personagens mascarados representam seres fantásticos, e o boi é estrela principal do espetáculo, que termina, por vezes, com a “morte” e ressurreição do animal em festa com música ao vivo.
Ticumbi
Folguedo centenário típico do Norte capixaba, tem como enredo o embate simbólico entre dois reis negros: o Rei de Congo e o Rei de Bamba. Envolve dança, dramatização, cantos, fantasias elaboradas e forte devoção a São Benedito. O Ticumbi é uma das expressões mais marcantes da herança africana no estado.
O Folclore Capixaba é mais do que um inventário cultural — é um testemunho da força e da beleza das tradições populares que resistem ao tempo. Ao valorizar mestres da cultura e registrar práticas que vivem no cotidiano de centenas de comunidades, o projeto contribui para a preservação e difusão de um patrimônio coletivo, essencial para a identidade capixaba.
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