O Banco Central (BC) esclareceu nesta sexta-feira (11) que só voltará a publicar uma carta aberta sobre a inflação no início de abril de 2026, caso o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 12 meses encerrado em março ultrapasse o teto da meta de 4,5%.
O esclarecimento ocorre um dia após a divulgação de uma carta oficial explicando por que a inflação acumulada nos últimos 12 meses atingiu 5,35% até junho, acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Inflação acima da meta e explicações do BC
Na quinta-feira (10), o BC justificou o desvio da meta com base em fatores como
- Aquecimento da economia;
- Alta no preço do café;
- Aplicação da bandeira vermelha nas contas de energia elétrica.
A carta divulgada foi a primeira sob o novo regime de metas contínuas, que entrou em vigor recentemente. O novo sistema prevê uma meta fixa de 3% ao ano, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo — ou seja, o intervalo permitido vai de 1,5% a 4,5%.
Inicialmente, esperava-se que o BC publicasse cartas semestrais sempre que a inflação ultrapassasse o intervalo. No entanto, a autoridade monetária esclareceu que a obrigatoriedade se aplica apenas à primeira carta após a implementação do novo regime. As demais serão emitidas somente se a inflação não retornar ao intervalo dentro do prazo já previsto.
Novo prazo: abril de 2026
A carta divulgada nesta semana projetou o retorno da inflação ao intervalo de tolerância até o primeiro trimestre de 2026. Caso o IPCA ultrapasse novamente os 4,5% no acumulado de 12 meses até março de 2026, uma nova carta será divulgada em abril do próximo ano.
O BC informou ainda que esse prazo pode ser antecipado ou adiado caso o CMN altere a meta ou a instituição revise suas projeções.
Convergência ao centro da meta só em 2026
Embora a meta central seja de 3%, o Banco Central não sinalizou uma data para esse retorno no documento anterior. Nesta sexta-feira, em nota técnica, afirmou que a convergência plena deve ocorrer apenas no quarto trimestre de 2026, horizonte considerado relevante para as decisões de política monetária.
O BC também destacou que as projeções da taxa Selic utilizadas internamente pelo Comitê de Política Monetária (Copom) podem divergir das expectativas do mercado captadas pelo Boletim Focus.
“O BC mantém postura monetária que coloque a inflação na meta no horizonte relevante. As trajetórias de juros utilizadas internamente pelo Copom […] não coincidem, necessariamente, com a trajetória da Selic do cenário de referência, que é extraída da pesquisa Focus”, explicou a nota.
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