O Supremo Tribunal Federal (STF) teve mais um dia de audiência com baixa participação na ação penal que investiga o chamado Núcleo 2 da suposta tentativa de golpe de Estado que visava manter Jair Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições.
Nesta quinta-feira (17), estavam previstos os depoimentos de 20 testemunhas de defesa do coronel do Exército Marcelo Câmara — ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e analista de inteligência — mas apenas cinco compareceram.
Câmara é acusado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, de liderar uma estrutura paralela de espionagem que visava monitorar e neutralizar autoridades públicas. Um dos supostos alvos dessa estrutura seria o próprio ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.
Entre os depoentes, o capitão do Exército Osmar Crivelatti afirmou não ter recebido ordens de espionagem. “Nunca recebi essa missão”, declarou. Ele foi subordinado de Câmara durante o governo Bolsonaro. Crivelatti também é citado em outro inquérito, que apura o desvio de joias do acervo presidencial, mas nega envolvimento.
As audiências das testemunhas de defesa do Núcleo 2 seguem até o dia 21 de julho. Já entre os dias 21 e 23, será a vez das testemunhas de acusação e defesa do Núcleo 3.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirma que o Núcleo 2 era responsável por ações estratégicas para tentar manter Bolsonaro no cargo, incluindo articulações com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e montagem de aparato de inteligência. Já o Núcleo 3 é investigado por elaborar planos de sequestro e assassinato de autoridades, como o “Copa 2022” e “Punhal Verde Amarelo”.
Apesar das acusações, os réus negam qualquer envolvimento em tentativas de ruptura institucional.
Polêmica sobre intimações
Desde o início das audiências, as defesas vêm questionando a decisão de Alexandre de Moraes de não intimar formalmente as testemunhas. Segundo o ministro, cabe aos advogados garantir a presença dos depoentes, o que, segundo os defensores, prejudica o direito à ampla defesa, já que as testemunhas não são obrigadas a comparecer espontaneamente.
As oitivas ocorrem por videoconferência, sem gravações ou transmissão. Apenas jornalistas credenciados têm acesso às sessões, a partir da sala da Primeira Turma do STF, em Brasília.
Réus da trama golpista
Núcleo 2
* Filipe Martins (ex-assessor internacional de Bolsonaro)
* Marcelo Câmara (ex-ajudante de ordens)
* Silvinei Vasques (ex-diretor da PRF)
* Mário Fernandes (general do Exército)
* Marília de Alencar (ex-subsecretária de Segurança do DF)
* Fernando de Sousa Oliveira (ex-secretário adjunto de Segurança do DF)
Núcleo 3
* Bernardo Romão Correa Netto (coronel)
* Cleverson Ney Magalhães (tenente-coronel)
* Estevam Theophilo (general)
* Fabrício Moreira de Bastos (coronel)
* Hélio Ferreira (tenente-coronel)
* Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel)
* Nilton Diniz Rodrigues (general)
* Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel)
* Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel)
* Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel)
* Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel)
* Wladimir Matos Soares (policial federal)
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