Até o fim de 2025, os jovens da geração Z — nascidos entre 1997 e 2012 — devem representar 27% da força de trabalho mundial, segundo projeções da Zurich Insurance. Nativos digitais por natureza, esses profissionais chegam ao mercado com familiaridade tecnológica, mas têm enfrentado novos desafios emocionais e cognitivos diante da rápida ascensão da Inteligência Artificial generativa (IA) nos ambientes corporativos.
Uma pesquisa da Deloitte apontou que 40% dos profissionais da geração Z vivem sob estresse constante, com o trabalho como um dos principais fatores. E, embora a IA ajude a automatizar tarefas rotineiras, a insegurança sobre sua utilização intensifica ainda mais o sentimento de pressão por desempenho entre os mais jovens.
Segundo o professor Kenneth Corrêa, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a geração Z enfrenta um cenário inédito: “Pela primeira vez, os mais velhos estão dominando uma nova tecnologia — a IA — antes dos mais novos. Isso gera ansiedade, pois inverte uma lógica histórica de domínio digital.”
Medo de parecerem substituíveis
O relatório de tendências da Microsoft e do LinkedIn mostrou que 52% dos trabalhadores que usam IA têm receio de admitir isso no trabalho, por medo de parecerem menos essenciais. Entre os jovens, esse medo é ainda mais comum.
“Existe uma lacuna de comunicação. O jovem teme ser julgado por usar IA, como o ChatGPT, enquanto muitos chefes esperam justamente que ele saiba usar a ferramenta”, explica Corrêa. “Estamos em um mundo onde se comunica pouco e se presume muito.”
A IA como vilã da performance perfeita
A forma como a IA é apresentada nas redes sociais também contribui para a ansiedade digital. “A IA é vendida como mágica, não como ferramenta. Isso causa um sentimento de inadequação em quem ainda está aprendendo ou não sabe usá-la com maestria”, diz o professor.
Corrêa lembra que outras gerações já vivenciaram o hype de tecnologias como blockchain, big data e metaverso, e por isso estão mais céticas quanto à adoção acelerada da IA.
Principais desafios da Geração Z com a IA:
- Síndrome do impostor tecnológico: mesmo dominando ferramentas como ChatGPT, jovens sentem que estão sempre atrás da curva tecnológica.
- Ansiedade de obsolescência: medo constante de que suas habilidades se tornem rapidamente ultrapassadas, gerando compulsão por aprender sempre mais.
- Pressão de performance digital: necessidade de dominar diversas ferramentas e plataformas ao mesmo tempo leva à fadiga mental.
- Queda no engajamento cerebral: estudo do MIT mostrou que o uso prolongado de IA para redação reduz a atividade cerebral e o pensamento crítico. Participantes que usaram apenas o cérebro ou o Google apresentaram mais criatividade e memória ativa.
O desafio das empresas
Para Corrêa, é essencial que as empresas criem ambientes de formação, acolhimento e transparência no uso da IA, especialmente para os profissionais mais jovens. “Todos estão aprendendo. A empresa que souber ensinar e humanizar esse processo sairá na frente.”
*Da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.