O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em entrevista ao Jornal Nacional exibida na noite de quarta-feira (10), que o Brasil poderá adotar medidas de retaliação contra os Estados Unidos a partir de 1º de agosto, caso não haja um recuo nas tarifas impostas pelo presidente Donald Trump sobre produtos brasileiros.
Durante a conversa com a jornalista Delis Ortiz, Lula classificou como “inaceitável” a intromissão do líder norte-americano nas decisões do Judiciário brasileiro e criticou duramente a tentativa de interferência estrangeira em assuntos internos.
“O que o Brasil não aceita é intromissão. Ele tem o direito de tomar decisões em defesa do país dele, mas com base na verdade”, disse Lula. O presidente também destacou que o déficit comercial dos EUA com o Brasil alegado por Trump é infundado, e que os números reais mostram superávit para os norte-americanos.
Lula reforçou que o país buscará uma solução multilateral por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas que a Lei da Reciprocidade poderá ser aplicada se não houver acordo.
Reação institucional e diálogo com empresários
O chefe do Executivo disse que vai se reunir com empresários de setores diretamente afetados, como o de aço, aeronáutica e suco de laranja, para avaliar os impactos das tarifas e definir uma resposta conjunta. “Essa é a hora de mostrar que o Brasil quer ser respeitado no mundo”, declarou.
BRICS, soberania e relação com Cristina Kirchner
Ao ser questionado sobre o papel do BRICS e suas críticas aos Estados Unidos durante o encontro do bloco, Lula negou qualquer provocação a Trump. “O BRICS busca fortalecer o Sul Global. Nunca ficamos incomodados com o G7”, afirmou. Ele também comentou sobre sua visita à ex-presidente argentina Cristina Kirchner, condenada por corrupção, afirmando que foi uma “visita humanitária” autorizada pela Justiça argentina.
Sem contato com Trump até o momento
Lula revelou que ainda não estabeleceu contato direto com Donald Trump desde o retorno do republicano à Casa Branca. “Não tive motivo para ligar até agora. Quando houver um assunto sério, posso ligar, sem problema. Mas educação e respeito entre chefes de Estado é essencial”, ressaltou.
Confiança na Justiça brasileira
No encerramento da entrevista, Lula reafirmou sua confiança na independência das instituições brasileiras e rejeitou qualquer pressão externa sobre os julgamentos em curso no país. “Aqui a lei vale para todos. Doa a quem doer”, concluiu.
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