De olho no calendário de inaugurações do governo Renato Casagrande (PSB) e no jogo sucessório de 2026, o presidente da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), deputado Marcelo Santos (União), abriu nova frente de críticas contra secretários e dirigentes de autarquias do governo estadual.
Durante sessão extraordinária realizada na última terça-feira (8), convocada para votar um projeto do Executivo, Marcelo acusou membros do primeiro escalão de atuarem com viés eleitoreiro, desrespeitando o papel institucional dos parlamentares e tentando capitalizar politicamente sobre as entregas do governo em seus redutos eleitorais.
O principal alvo da vez foi o diretor-geral do Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), o ex-deputado José Eustáquio de Freitas (PSB), que estaria promovendo visitas técnicas e inaugurações em municípios capixabas sem comunicar os deputados estaduais.
“Quero aqui deixar um registro, inclusive para o diretor do DER, o Freitas, que ele respeite um bocado mais o papel do deputado”, disparou o presidente da Ales da tribuna. “É importante porque nós somos uma engrenagem. Nós queremos que esse governo prospere, mas fica difícil quando alguém quer dar voo solo, e sozinho ninguém chega a lugar algum.”
Não foi a primeira vez que Marcelo Santos alfinetou os secretários estaduais. Na semana anterior, o parlamentar já havia feito críticas semelhantes, alertando que a movimentação política dos chefes de pastas pode até comprometer a lisura das eleições de 2026.
As declarações de Marcelo foram reforçadas por outros deputados presentes à sessão, que também enxergam um comportamento eleitoreiro por parte de auxiliares de Casagrande. Segundo eles, a prática se tornou recorrente em diversas regiões do estado, onde secretários e presidentes de autarquias promovem agendas políticas sem a participação dos representantes da Ales.
A repercussão ganhou corpo na imprensa capixaba. Em resposta às críticas, o secretário da Casa Civil, Júnior Abreu, já havia negado, na semana passada, qualquer conduta política por parte da equipe do governo. Segundo ele, “a orientação é manter o foco total no trabalho e nas entregas à população, não em eleição”.
Até o fechamento desta reportagem, nem o DER-ES nem o diretor José Eustáquio haviam se pronunciado. O espaço segue aberto para manifestação.
A escalada da tensão entre Executivo e Legislativo deixa evidente o racha interno na base aliada e sinaliza uma disputa antecipada por protagonismo político no Espírito Santo, a menos de um ano do início da campanha eleitoral.
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