A pré-candidatura de Ricardo Ferraço (MDB) ao governo do Espírito Santo em 2026 já enfrenta sinais de esvaziamento político, mesmo antes de se consolidar publicamente. Vice-governador do Estado, Ferraço parece isolado dentro do próprio grupo do governador Renato Casagrande (PSB), que deve deixar o cargo em março do próximo ano para disputar o Senado.
Um dos episódios mais simbólicos dessa fragilidade política ocorreu nesta quinta-feira (29), durante entrevista do presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (União Progressista), à rádio Litorânea FM, em Marataízes (vídeo abaixo).
Santos, embora elogiando Ferraço, lançou uma frase que caiu como um balde de água fria sobre a pré-candidatura do vice: “Caso ele desista, o grupo vai procurar um plano B”.
A declaração, feita com tons de cordialidade, foi interpretada nos bastidores como um sinal claro de que Ferraço não tem respaldo político dentro do grupo para seguir na disputa. Em política, as entrelinhas costumam falar mais alto que os discursos. E a mensagem foi clara: a cúpula do poder já cogita substituí-lo antes mesmo da campanha começar.
Santos, que é pré-candidato a deputado federal, aparece como possível beneficiário direto da inviabilização de Ferraço. Em conversas reservadas, ele não esconde o desejo de se tornar o próprio “plano B”, caso o nome do vice-governador não decole.
A agenda recente de Ferraço também ilustra seu momento político delicado. Na quarta-feira (28), ele participou da Semana do MEI, promovida pelo Sebrae em Presidente Kennedy. Chegou de helicóptero, sem comitiva, e foi recebido por poucos apoiadores — entre eles, servidores comissionados ligados ao prefeito interino Júnior de Glomobol (PSB).
A imagem de um político solitário, em um evento esvaziado, reforça a percepção de que sua candidatura não empolga nem mobiliza aliados.
Enquanto isso, outras lideranças do grupo de Casagrande movimentam-se com desenvoltura no xadrez eleitoral. Josias da Vitória, deputado federal e presidente estadual da Federação (União Progressista), divulgava fotos ao lado do prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), também pré-candidato ao Palácio Anchieta. Esta aproximação pode sinalizar uma nova articulação política com potencial de atropelar o projeto de Ferraço.
Nos bastidores, a leitura é que o nome de Ferraço foi lançado não para ser consolidado, mas para ser “queimado” com o tempo. O isolamento político, a ausência de militância e a fala calculada de lideranças próximas deixam claro: o vice-governador entrou no jogo de 2026, mas pode sair dele antes mesmo de o apito inicial soar.
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