O governo da China criticou nesta segunda-feira (28) as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Em pronunciamento oficial, Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, afirmou que “guerras tarifárias não têm vencedores” e reforçou o compromisso de Pequim com o multilateralismo e a justiça nas relações comerciais internacionais.
“Práticas unilaterais não servem aos interesses de ninguém”, destacou Jiakun, em coletiva de imprensa. O diplomata também enfatizou que a China está pronta para trabalhar com o Brasil, os países do BRICS e as nações da América Latina e Caribe para defender conjuntamente o sistema multilateral de comércio centrado na Organização Mundial do Comércio (OMC).
A crítica chinesa ocorre após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarar que pretende formalizar uma reclamação contra as tarifas junto à OMC e articular uma reação coordenada com os países do BRICS. “Vou brigar na OMC, vou conversar com meus companheiros dos BRICS”, disse Lula em julho.
Aviões, cooperação e novas oportunidades
Ao comentar o impacto das tarifas sobre o setor de aviação, Guo Jiakun sinalizou que a China está disposta a ampliar sua cooperação com o Brasil, inclusive com a Embraer. “Estamos prontos para promover essa cooperação com base em princípios de mercado, impulsionando o desenvolvimento nacional de ambos os países”, afirmou.
Atualmente, a Embraer tem presença significativa no mercado chinês. Mais de 80 jatos da fabricante brasileira já operaram no país. Em 2023, os modelos E190-E2 e E195-E2 obtiveram certificação no mercado chinês, o que ampliou o potencial de vendas. Um dos focos da Embraer na China tem sido a conversão de aviões comerciais em cargueiros, para atender à demanda crescente do e-commerce local.
Em novembro do ano passado, Martyn Holmes, vice-presidente comercial da Embraer, destacou a importância de expandir cadeias de suprimento e apontou o papel que fornecedores chineses podem desempenhar nesse processo. “Acredito que este seja um momento oportuno para discutirmos essa questão com fornecedores chineses e analisarmos como podemos evoluir”, afirmou.
Com isso, Pequim não apenas reitera sua oposição ao protecionismo comercial dos EUA, como também reforça sua disposição de aprofundar os laços estratégicos com o Brasil em setores-chave da economia.
*Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Espírito Santo.
Siga o GIRO CAPIXABA no Instagram