A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) concluiu que remédios emagrecedores à base de semaglutida, como Ozempic, Wegovy, Rybelsus, Victoza (e outras canetas similares), podem aumentar o risco de uma doença ocular rara e grave chamada neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica — uma condição que pode resultar em cegueira súbita.
A descoberta levou a EMA a recomendar, na última sexta-feira (6), a inclusão do problema na lista de efeitos colaterais “muito raros” desses medicamentos, classificados como análogos do GLP-1, utilizados no tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade. O alerta foi feito após uma investigação iniciada em janeiro de 2025 pelo Comitê de Avaliação de Risco de Farmacovigilância da agência europeia.
Os dados, reunidos a partir de ensaios clínicos, relatos pós-comercialização e literatura médica, apontam que pessoas com diabetes tipo 2 que usam semaglutida têm o dobro do risco de desenvolver a inflamação do nervo óptico em comparação com quem não usa. A classificação de efeito “muito raro” indica que até 1 em cada 10 mil usuários pode ser afetado.
A neuropatia óptica isquêmica é a segunda principal causa de cegueira relacionada ao nervo óptico, ficando atrás apenas do glaucoma.
Outros riscos em análise
A EMA também já investigou relatos de pensamentos suicidas relacionados ao uso da substância, embora não tenha sido comprovada uma relação direta. Além disso, estudos recentes sugerem um possível aumento do risco de câncer renal com o uso de semaglutida, mas também apontam que o medicamento pode reduzir o risco de mais de 12 outros tipos de câncer.
As conclusões da EMA serão agora avaliadas pelo Comitê de Medicamentos para Uso Humano (CHMP) antes de uma possível decisão final da Comissão Europeia.
ALERTAS EM INVESTIGAÇÃO
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🚨 Câncer de rim: Estudos preliminares sugerem possível aumento de risco, embora os medicamentos reduzam chances de outros 13 tipos de câncer.
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⚠️ Pensamentos suicidas: EMA investiga relatos, mas sem confirmação de causalidade.
As recomendações aguardam aprovação final da Comissão Europeia após análise do Comitê de Medicamentos.
Medidas no Brasil
No Brasil, a Anvisa aprovou mudanças na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 471/2021, passando a exigir a retenção da receita médica para a compra de Ozempic, Wegovy, Saxenda e Mounjaro.
Embora todos esses medicamentos já exijam receita de controle especial (tarja vermelha), a prática comum de vendas sem retenção preocupou as autoridades sanitárias. A nova regra vem após um alerta emitido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) sobre o uso indiscriminado dos chamados “emagrecedores injetáveis”.
“O mercado não conseguiu dispor de meios para mitigar o uso irracional desses produtos frente a manifestações médicas recebidas”, afirmou o diretor da Anvisa, Daniel Pereira.
Obesidade em escala global
A decisão da agência também é uma resposta à epidemia mundial de obesidade, que afeta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo, segundo dados recentes. No Brasil, 56% da população adulta está com sobrepeso ou obesidade.
Estudos indicam que medicamentos à base de semaglutida podem ajudar na redução de até 17% da massa corporal em um ano, com resultados semelhantes aos da cirurgia bariátrica — o que ajuda a explicar a explosão no uso dos produtos, mesmo fora das indicações originais.
CONTEXTO GLOBAL
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🌍 Epidemia de obesidade: Afeta 1 bilhão de pessoas mundialmente; no Brasil, 56% dos adultos têm sobrepeso.
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⚖️ Benefícios vs. Riscos: Medicamentos promovem perda de até 17% do peso (equivalente à cirurgia bariátrica), mas exigem monitoramento rigoroso.
*Da Agência Fonte Exclusiva com informações da RT. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
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