Em meio à disparada histórica no preço do café arábica, uma ameaça silenciosa tem ganhado espaço nas prateleiras dos supermercados: o chamado “café fake”. Vendido como “bebida sabor café tradicional”, o produto, na verdade, não contém grãos torrados e moídos, mas sim um composto de folhas, cascas, galhos e outros resíduos da planta do café.
A fraude veio à tona em Bauru (SP), após investigação da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), que alertou para a composição irregular do produto. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reagiu com rigor: em 2 de junho, proibiu a fabricação, comercialização e distribuição de três marcas — Melissa, Pingo Preto e Oficial — por conterem ocratoxina A (OTA), substância produzida por fungos com potencial cancerígeno e relação com doenças renais crônicas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Além da toxina, os produtos apresentavam impurezas acima do limite permitido, como areia, sementes de outras plantas e o que técnicos do Ministério da Agricultura descreveram como “lixo da lavoura”. As embalagens também exibiam rotulagem enganosa, sugerindo a presença de café verdadeiro.
O café fake surgiu como alternativa barata em meio à alta de preços: enquanto o pacote de 500g de café tradicional ultrapassa os R$ 30, os “sabor café” são encontrados por até R$ 13,99. Mas a economia no bolso esconde um risco real à saúde e à credibilidade da bebida mais tradicional do país.
Para Celírio Inácio da Silva, diretor-executivo da Abic, a prática é uma “clara tentativa de enganar o consumidor”. Ele alerta que, além dos danos econômicos, o consumo dos falsificados pode comprometer a percepção de qualidade do verdadeiro café brasileiro.
A recomendação da Abic é simples: verifique o rótulo. Produtos legítimos trazem a descrição “café torrado e moído” e podem exibir o selo de pureza da entidade. Desconfie de embalagens com descrições genéricas como “bebida sabor café” e preços muito abaixo do mercado.
Enquanto o Brasil segue como líder global na produção e exportação de café, a proliferação dos “cafakes” representa um golpe duplo: trai o paladar do consumidor e ameaça sua saúde. O caso exige fiscalização mais rigorosa e conscientização de quem consome — da lavoura à xícara.
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