O Arraiá do Museu do Pontal 2025, que acontece neste fim de semana no Rio de Janeiro, promete uma grande festa em homenagem às culturas populares do Nordeste brasileiro. Com entrada gratuita e atrações para todas as idades, o evento será realizado na sede do museu, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade.
Neste sábado (12), um dos destaques da programação é o show da banda Mestre Ambrósio, que comemora 30 anos de carreira. O grupo pernambucano, ícone do movimento manguebeat, se apresenta a partir das 19h30, trazendo ao palco a fusão entre ritmos tradicionais nordestinos, como o maracatu, e influências do rock, hip hop e música eletrônica.
No domingo (13), será a vez da sanfoneira Ceiça Moreno, de 78 anos, que se apresentará ao lado da atriz, cantora e compositora alagoana Vitória Rodrigues. “A expectativa é sempre grande, porque parece sempre a primeira vez. Cada lugar é diferente e, como pernambucana, fico muito feliz”, disse Ceiça à Agência Brasil. Ela contou que vive um momento de felicidade por poder se dedicar mais à sanfona, instrumento que aprendeu a tocar ainda criança.

“É muito importante para que no futuro não se perca essa cultura. A gente não pode abandonar o passado, não pode esquecer, porque senão vai se perder tudo. É bom que as crianças cresçam com esse conhecimento”, refletiu a artista.
Apesar de já ter atuado em peças teatrais e participado de shows com Elba Ramalho, Ceiça se define como sanfoneira de essência. “Não sou atriz, não. Sou mesmo é da minha sanfoninha, fazendo meu forrozinho”, declarou.
A parceira de palco, Vitória Rodrigues, também celebrou a oportunidade. “É uma honra poder trazer um pouco da nossa cultura popular nordestina para o Museu do Pontal, que preserva tanto essa cultura. É uma festa viva. Para quem está fora do Nordeste, essa época aperta o coração, mas festas como essa enchem a gente de alegria”, disse.
Oficinas e tradições
Outra atração inédita desta edição é a participação do grupo Coco Raízes de Arcoverde, que realiza oficina e apresentação com o mestre Assis Calixto, considerado patrimônio vivo de Pernambuco. Ele é um dos principais nomes responsáveis por transformar Arcoverde na Capital do Samba de Coco, cidade localizada entre o agreste e o sertão do estado. As atividades acontecem neste sábado, às 13h e 15h30.
A programação também inclui shows dos paraibanos Marcelo Mimoso, filho de sanfoneiro e dedicado ao forró, e Edmilson dos Teclados, representante do piseiro. O evento ainda promove um encontro entre o repente e o rap, com o repentista Miguel Bezerra e o rapper Viajante Lírico, da zona oeste do Rio.
“O encontro entre o rap e o repente vai ser fantástico”, antecipou Lucas Van de Beuque, diretor executivo do Museu do Pontal. “A gente está muito empolgado com essas novidades e experiências musicais”.
Fogueira, quadrilhas e exposição
Um dos momentos mais aguardados da festa é o ritual da fogueira, com estrutura de dois metros de altura. Nos dois dias, a noite começa com um cortejo junino puxado pelos arte-educadores do museu, levando o público até o terreiro principal, onde acontecem as quadrilhas ao som de clássicos do São João.
Van de Beuque lembra que esta é a quarta edição do Arraiá em sua atual sede na Barra da Tijuca — anteriormente, o evento acontecia no Recreio dos Bandeirantes. Além das apresentações musicais, oficinas e performances, o museu sempre inaugura uma nova exposição nessa época do ano. Em 2024 foi do cordelista J. Borges; este ano, o destaque é o artista Ratinho, do Alto do Moura, em Caruaru (PE).
“Ratinho traz uma produção muito particular, moldada pela contemporaneidade audiovisual e pela cultura de massa. Seus ‘monstros’ são divertidos e instigantes, e nos ajudam a repensar a arte popular de Caruaru”, explicou Angela Mascelani, diretora do Museu do Pontal.
Outra presença confirmada é a de Cacau Amaral, do Maranhão, que ministrará uma oficina de bumba meu boi.
“Essa festa representa tanto a tradição quanto a renovação. A cultura nordestina estará presente na música, na culinária, nas brincadeiras e nas expressões artísticas, mas também se abre a novas linguagens”, ressaltou Van de Beuque.
Museu de arte popular
O Museu do Pontal é considerado o maior museu de arte popular do Brasil, com um acervo de mais de 9 mil peças de 300 artistas, resultado de 45 anos de pesquisas conduzidas pelo designer francês Jacques Van de Beuque. As peças foram produzidas a partir do século XX e retratam a diversidade cultural brasileira.
O evento conta com o patrocínio master da Shell, apoio estratégico do Instituto Cultural Vale e apoio institucional de empresas como Repsol Sinopec Brasil, Ternium, Tenaris, Itaú e da Prefeitura do Rio de Janeiro, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Transporte gratuito
Como o estacionamento do museu estará fechado durante o fim de semana, a organização recomenda o uso do transporte oficial gratuito, com vans saindo da estação de metrô Jardim Oceânico (acesso A – Lagoa) e do terminal de ônibus Alvorada, com parada intermediária no New York City Center (ponto dos condomínios). Nos locais, haverá orientadores de público identificados para auxiliar os visitantes.
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