A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) concluiu o inquérito que apurava o uso inadequado de uma agulha em aula prática de Química em uma escola estadual de Laranja da Terra, na região Noroeste do estado. O professor de 35 anos foi indiciado por expor a vida ou a saúde de terceiros a perigo direto e iminente, conforme o artigo 132 do Código Penal, e foi demitido da rede pública.
O caso foi denunciado em 14 de março, quando o pai de uma aluna procurou a delegacia informando que o docente havia utilizado a mesma agulha para realizar testes de tipagem sanguínea em mais de 40 estudantes, higienizando apenas as mãos com álcool 70%.
43 estudantes expostos ao risco
De acordo com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu), a prática foi feita com alunos das 2ª e 3ª séries do Ensino Médio, com idades entre 16 e 17 anos. A atividade gerou preocupação generalizada entre os pais, e dezenas de alunos foram encaminhados à Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade para exames.
O delegado Guilherme Eberhard Soares informou que a aula prática começou no dia 7 de março e envolveu 43 alunos. A diretora da escola relatou que o professor não tinha autorização da equipe pedagógica, tampouco consentimento dos responsáveis ou materiais descartáveis adequados para a realização da atividade.
Professor admitiu prática sem autorização
Durante o inquérito, o professor confessou que utilizou uma lanceta metálica única nos dias 13 e 14 de março para coletar amostras de sangue, que seriam analisadas em microscópio. Ele alegou ter lavado o instrumento com água corrente, destilada e álcool 70%, mas não fez a devida esterilização entre os usos. Alunas ouvidas confirmaram que o mesmo objeto foi utilizado em todos os colegas.
Alunos fizeram testes de doenças
A Vigilância Epidemiológica do município testou os alunos para sífilis, HIV, hepatites B e C, além de exames sorológicos complementares. Todos os resultados foram negativos até o momento.
Apesar disso, o delegado reforçou que o crime não depende da ocorrência de infecção, bastando a criação de uma situação concreta de risco à saúde pública.
“A utilização da mesma lanceta em múltiplos alunos, sem a devida esterilização, configura um risco real de contaminação”, declarou o delegado Soares.
O inquérito, com provas de materialidade e autoria, foi encaminhado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário para as medidas legais cabíveis.
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