O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) celebrou, nesta quarta-feira (16), seus 75 anos de atuação no Brasil com um balanço de conquistas históricas e o lançamento de um livro e uma exposição no Palácio Itamaraty, em Brasília. A trajetória da entidade foi marcada por avanços significativos, como a queda de 90% na mortalidade infantil no país — de 158 para 12 mortes a cada mil nascimentos.
A publicação “UNICEF, 75 anos pelas Crianças e pelos Adolescentes – Uma História em Construção” e a exposição “Passos para o Amanhã” foram os destaques do evento comemorativo, que homenageia as conquistas alcançadas em parceria com o governo federal, estados, municípios e organizações da sociedade civil.
A exposição apresenta seis esculturas em tamanho real do artista André Alves de Freitas, que simbolizam avanços em áreas essenciais como vacinação, saneamento, educação, participação cidadã, meio ambiente e saúde. Uma linha do tempo interativa também relembra reportagens, dados e fatos marcantes da atuação do Unicef no país.
Desde sua chegada ao Brasil, em 1950, o Unicef tem contribuído com políticas públicas decisivas, como o primeiro programa nacional de merenda escolar (1954), as campanhas de vacinação contra a poliomielite (década de 1960), e o Programa Nacional de Imunizações (1973). A organização também foi fundamental na disseminação do soro caseiro e na valorização do aleitamento materno.
Um dos marcos políticos da atuação da entidade foi a articulação que levou à inclusão do Artigo 227 na Constituição Federal de 1988, que estabelece a prioridade absoluta da infância. O Unicef também participou dos debates que resultaram na criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990.
Além disso, a organização foi parceira em programas como os Agentes Comunitários de Saúde e o Saúde da Família, e atuou durante emergências como a epidemia de zika (2015–2016) e a pandemia de Covid-19, beneficiando mais de 17 milhões de pessoas com ações emergenciais entre 2020 e 2022.
A iniciativa Selo Unicef, criada em 1999 no Ceará, é outro destaque. Presente hoje em mais de 2 mil municípios de 18 estados, ela reconhece avanços concretos na promoção dos direitos de crianças e adolescentes, especialmente no Semiárido e na Amazônia.
Durante o evento, o representante do Unicef no Brasil, Youssouf Abdel-Jelil, destacou que, embora o país tenha progredido muito, a agenda da infância permanece inacabada. “É preciso evitar retrocessos e seguir avançando. Sempre há desafios antigos e novos surgindo. A sociedade muda, e as demandas das crianças também”, afirmou.
Desafios para o futuro:
- Redução da pobreza e das desigualdades
- Combate à violência contra crianças e adolescentes — área em que o Brasil não registrou avanços nas últimas décadas
- Saúde mental e segurança digital
- Migração infantil
- Mitigação da emergência climática, com foco na COP30, que será sediada no Brasil
“Temos que seguir trabalhando nessa agenda inacabada, junto com comunidades, governos em todos os níveis, sociedade civil, setor privado e as próprias crianças e adolescentes, para garantir um presente e um futuro seguros e prósperos”, concluiu Abdel-Jelil.
*Compartilhe este editorial do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
Siga o GIRO CAPIXABA no Instagram