A Polícia Federal (PF) ouviu nesta terça-feira (1º) os depoimentos dos advogados Fábio Wajngarten, Paulo Cunha Bueno, Eduardo Kuntz e do coronel da reserva Marcelo Câmara, todos ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Os quatro são investigados por suposta tentativa de obstrução de justiça no inquérito que apura a existência de uma trama golpista para manter Bolsonaro no poder após as eleições de 2022.
Os depoimentos, determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ocorreram de forma simultânea, mas em salas separadas. Wajngarten, Bueno e Kuntz foram ouvidos por videoconferência na sede da PF em São Paulo. Já Marcelo Câmara, que está preso, prestou depoimento presencialmente em Brasília.
As oitivas ocorreram após o tenente-coronel Mauro Cid apresentar documentos à PF com relatos da mãe, da esposa e da filha, alegando que os advogados teriam feito investidas para obter informações sobre o conteúdo da delação premiada firmada por ele.
Segundo a defesa de Cid, os advogados teriam pressionado os familiares para influenciar a escolha da defesa do militar e obter detalhes da colaboração premiada. A conduta, de acordo com Moraes, pode caracterizar tentativa de obstrução de investigação criminal envolvendo organização criminosa.
Advogados negam acusações
Paulo Cunha Bueno, atual advogado de Bolsonaro, foi o primeiro a deixar a sede da PF em São Paulo, sem dar declarações à imprensa. Já Eduardo Kuntz, que defende Marcelo Câmara, saiu por volta das 20h e declarou que sua conduta foi “totalmente legal”. “Minha atuação profissional foi dentro dos parâmetros legais, sem conduta ilícita ou falha ética”, afirmou.
Fábio Wajngarten, que atuou como advogado e secretário de Comunicação do governo Bolsonaro, disse que repudia as acusações e pretende ingressar com ação por denúncia caluniosa. “Repudio de forma veemente a acusação de tentativa de obstrução. Vou estudar as medidas cabíveis contra quem quer que seja”, disse.
Wajngarten negou contato recente com a família de Mauro Cid, afirmando que não fala com os familiares desde agosto de 2023. Ele mencionou apenas um breve contato com a filha do militar sobre um evento de hipismo. “Nunca perguntei sobre delação, depoimento ou qualquer conteúdo relacionado à investigação”, afirmou.
Ele também sugeriu motivação política nas investigações. “Esse processo é uma tentativa de retirar o presidente Bolsonaro do processo eleitoral de 2026. Uma eleição sem ele não é democrática”, declarou.
Investigação continua
Além dos três advogados e do ex-assessor, outros nomes próximos ao ex-presidente estão sob investigação no mesmo inquérito. A Polícia Federal, no entanto, não se pronunciou oficialmente sobre o conteúdo dos depoimentos.
A apuração sobre a tentativa de obstrução ocorre no âmbito da investigação principal que mira uma suposta organização criminosa que teria atuado para tentar invalidar o resultado das eleições de 2022, mantendo Jair Bolsonaro na Presidência da República.
O caso segue sob sigilo e deve ter novos desdobramentos nos próximos dias, com possibilidade de novas oitivas e medidas cautelares.
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