Em visita oficial ao Brasil nesta terça-feira (8), o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília, logo após a Cúpula do Brics. A reunião marcou a intensificação da parceria estratégica Brasil-Índia, firmada em 2006, e o compromisso de ambos os países com uma governança global mais inclusiva, o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento das relações comerciais e tecnológicas.
“Dois países superlativos como a Índia e o Brasil não podem permanecer distantes”, afirmou Lula durante declaração à imprensa. Ele lembrou que as duas nações compartilham desafios e objetivos comuns, como o combate à fome, a erradicação da pobreza e a resposta à crise climática.
Comércio e investimento em alta
A Índia é hoje o 10º maior parceiro comercial do Brasil, com comércio bilateral que já soma US$ 12 bilhões em 2024 — um crescimento de 24% nos primeiros cinco meses de 2025. Entre os produtos mais exportados estão açúcar, petróleo bruto e aviões, enquanto o Brasil importa principalmente medicamentos e fertilizantes.
Lula afirmou que o objetivo é triplicar o comércio bilateral em curto prazo e anunciou a criação de um Conselho Empresarial Brasil-Índia para ampliar conexões produtivas.
Biocombustíveis e clima no centro da agenda
Brasil e Índia anunciaram avanços na cooperação energética, especialmente no campo dos biocombustíveis. Lula celebrou o papel dos dois países na Aliança Global para Biocombustíveis e disse que o Brasil quer apoiar a Índia em sua meta de 20% de etanol na gasolina. O Brasil, por sua vez, já utiliza 30% de etanol na mistura com gasolina.
“Chegaremos à COP 30 como líderes da transição energética justa”, destacou Lula, que também apoiou a candidatura da Índia para sediar a COP 33, conferência global sobre o clima.
Tecnologia, defesa e segurança
A visita também firmou novos acordos em áreas de alta tecnologia, como desenvolvimento de vacinas, medicamentos e infraestrutura digital baseada em dados abertos. Lula mencionou a proposta de criar com a Índia um centro de excelência em inovação digital no Brasil.
Na área de defesa, os países assinaram um Acordo sobre Combate ao Terrorismo e ao Crime Organizado Transnacional, e a Polícia Federal brasileira abrirá uma adidância em Nova Délhi.
A EMBRAER também está em negociações para consolidar sua atuação na Índia com transferência de tecnologia. Segundo Lula, os aviões da empresa podem ajudar na implementação do programa indiano UDAN, que visa tornar os voos acessíveis a toda a população.
Cooperação histórica e valores comuns
Lula lembrou que 90% do rebanho zebuíno brasileiro tem origem indiana, resultado de mais de 60 anos de colaboração no melhoramento genético, e agradeceu ao premiê indiano pela abertura do mercado para frango e algodão brasileiros.
Ao final do discurso, Lula mencionou o “Raksha Bandhan”, tradicional festividade indiana que celebra o vínculo entre irmãos, como símbolo do fortalecimento dos laços bilaterais:
“Que o simbolismo dessa festividade nos inspire a aprofundar os laços que juntos construímos hoje”, concluiu o presidente brasileiro.
*Da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado Espírito Santo.
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