De janeiro a 31 de julho de 2025, o serviço Ligue 180 — Central de Atendimento à Mulher — registrou 86.025 denúncias de violência contra mulheres no Brasil. O número representa o terceiro tipo de atendimento mais demandado entre os 594.118 registros feitos por cerca de 300 atendentes no período.
O serviço, que é gratuito e coordenado pelo Ministério das Mulheres, também fornece orientações sobre direitos, leis e serviços da rede de proteção, além de encaminhar as denúncias aos órgãos competentes de cada estado.
Nesta quinta-feira (7), data que marca os 19 anos da Lei Maria da Penha, o ministério lançou o Painel de Dados do Ligue 180, uma plataforma pública e interativa que detalha as denúncias por tipo de violência, perfil das vítimas e dos agressores, local das ocorrências e tempo de exposição à violência.
A iniciativa integra a campanha Agosto Lilás 2025, com o tema “Não deixe chegar ao fim da linha. Ligue 180.”
Dados revelam perfil das vítimas e agressores
Segundo o painel, entre as vítimas de violência:
- 57,7% são mulheres heterossexuais (49.674 denúncias);
- 44,3% são mulheres negras (38.068 denúncias);
- 47,6% dos agressores são parceiros ou ex-parceiros da vítima (40.933 casos).
Quanto ao perfil dos suspeitos:
- 49,2% são homens heterossexuais (42.320);
- 41,4% são pessoas negras (35.586);
- 32% são pessoas brancas (27.587).
Tipos e locais das violências denunciadas
Principais formas de violência relatadas no contexto doméstico e de relações íntimas:
- Violência física: 35.665 casos (41,4%);
- Violência psicológica: 24.021 casos (27,9%);
- Violência sexual: 3.085 casos (3,6%).
Outros registros incluem:
- 9.866 casos de violência psicológica fora da Lei Maria da Penha;
- 4.566 denúncias de outras formas de agressão.
Locais mais frequentes das ocorrências:
- 40,7% aconteceram dentro da casa da vítima (35.063 registros);
- 28,2% em domicílio compartilhado com o agressor;
- 5,5% na casa do suspeito.
Tempo de convivência com a violência
O levantamento mostra que muitas vítimas demoram anos para buscar ajuda:
- 21,9% das denúncias (18.871) referem-se a violências iniciadas há mais de um ano;
- 9% começaram há mais de cinco anos;
- 8,6% têm início há mais de dez anos.
A coordenadora-geral do Ligue 180, Ellen dos Santos Costa, destaca que os dados inéditos são essenciais para guiar políticas públicas mais eficazes, territorializadas e baseadas na realidade das mulheres em cada região.
Expansão da rede de atendimento e pacto nacional
O Ministério das Mulheres também lançou o Painel da Rede de Atendimento à Mulher, com um mapa de serviços disponíveis, como:
- Delegacias Especializadas (Deams),
- Promotorias e juizados especiais,
- Casas-abrigo e serviços de apoio psicossocial e jurídico.
A ministra Márcia Lopes reforçou o chamado para que todos os estados assinem o Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios — atualmente, apenas 14 têm acordo firmado. A gestora também defende a criação de secretarias ou coordenações municipais e estaduais voltadas à proteção das mulheres.
Serviço – Ligue 180
- Gratuito e sigiloso, disponível 24 horas por dia, todos os dias;
- Atende por ligação telefônica, e-mail, WhatsApp [(61) 9610-0180] e videochamada em Libras;
- Atendimento em português, inglês, espanhol e Libras;
- Em caso de emergência, o canal recomendado é o 190 (Polícia Militar).
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