A prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) em Roma, na Itália, nesta terça-feira (29), não encerra seu caso na Justiça brasileira. Foragida há dois meses, a parlamentar foi detida ao tentar escapar do mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Condenada a 10 anos de prisão por envolvimento na invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023, Zambelli buscava asilo político na Itália. Além da pena, a deputada também foi condenada a pagar R$ 2 milhões por danos coletivos.
Segundo a investigação, Zambelli foi a mandante da ação que resultou na emissão fraudulenta de um mandado de prisão contra o próprio ministro Moraes. O hackeamento foi executado por Walter Delgatti, também condenado, que confirmou ter agido sob ordens da deputada.
Processo de extradição
Após a fuga de Zambelli, o governo brasileiro formalizou em 11 de junho o pedido de extradição, encaminhado ao governo italiano pelo Itamaraty. No documento, estão os fundamentos legais da condenação e as garantias oferecidas pelo Brasil, como a não aplicação de pena perpétua, a ausência de agravamento por motivos políticos e o compromisso de não submetê-la a tortura ou tratamento degradante.
A decisão final sobre a extradição cabe à Justiça e ao governo da Itália. O processo, no entanto, é conhecido por ser burocrático e sem prazo definido.
Enquanto isso, as autoridades italianas avaliam se Zambelli permanecerá presa ou poderá aguardar o processo em liberdade.
Situação do mandato e defesa
A deputada está licenciada da Câmara por 127 dias, sem remuneração. Caso não retorne ao fim do período, poderá ter o mandato cassado por faltas. Além disso, ela já responde a processo de cassação na Casa Legislativa e a Câmara ainda não se pronunciou sobre a perda de mandato em função da condenação no STF.
Nas redes sociais, o advogado Fábio Pagnozzi alegou que Zambelli se entregou voluntariamente para colaborar com as investigações e busca julgamento imparcial na Itália. Porém, a Polícia Federal afirma que a prisão ocorreu graças à cooperação entre PF, polícia italiana e Interpol.
O deputado italiano Angelo Bonelli contradisse a versão da defesa e declarou, pela rede X (antigo Twitter), que foi ele quem denunciou o endereço onde Zambelli estava hospedada em Roma.
Caso semelhante: Pizzolato
O episódio lembra o caso de Henrique Pizzolato, ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, condenado no processo do mensalão. Ele também fugiu para a Itália com documentos falsos em 2013, foi preso em 2014 e extraditado para o Brasil em 2015.
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