Depois de sete anos, o Brasil está prestes a sair novamente do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU). A conquista, impulsionada por políticas públicas integradas e retomadas em 2023, pode ser anunciada extraoficialmente na próxima semana, durante evento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), que ocorrerá de 27 a 29 de julho, na Etiópia.
A expectativa foi reforçada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na última quinta-feira (24), durante cerimônia do Governo Federal em Minas Novas (MG). “Quando eu voltei [em 2023], tinha 33 milhões de pessoas passando fome outra vez. Mas vocês vão ter uma surpresa: esta semana o Brasil vai sair do Mapa da Fome outra vez”, declarou.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, representará o país no Comitê de Segurança Alimentar da ONU, em Adis Abeba. Segundo Dias, os índices brasileiros de insegurança alimentar severa já atingiram patamares que permitem a retirada do Brasil do mapa.
“Em 2023, a taxa caiu de 4,7% para 2,8%. Em 2024, devemos estar entre 2,3% e 2,4%. Com menos de 2,5%, já é possível sair do Mapa da Fome”, explicou. Pela regra da FAO, o indicador oficial considera a média de três anos. A previsão é de que a retirada oficial ocorra em julho de 2026, mas o reconhecimento antecipado deve vir pela performance dos anos mais recentes.
Reconstrução iniciada em 2023 impulsionou a mudança
O Brasil havia deixado o Mapa da Fome em 2014, mas voltou a figurar no ranking global entre 2019 e 2022, com aumento da pobreza e da insegurança alimentar. Segundo relatório de 2023, a insegurança alimentar severa caiu 85% no país: de 17,2 milhões para 2,5 milhões de brasileiros afetados.
“Agora vamos alcançar esse feito em apenas três anos. O Banco Mundial mostra que a pobreza caiu de 37% para 23%, e a miséria de 9% para 4%”, afirmou Wellington Dias.
A reformulação do Bolsa Família em 2023, com repasses mínimos de R$ 600 e adicionais para crianças e adolescentes, foi decisiva. Um estudo do MDS e da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal aponta queda de 91,7% no número de crianças na primeira infância em situação de pobreza extrema.
Além disso, medidas de estímulo ao emprego e empreendedorismo, como o programa Acredita no Primeiro Passo, contribuíram para o aumento da renda das famílias. De acordo com o Caged, 1,7 milhão de vagas com carteira assinada foram criadas em 2024, sendo 98,8% preenchidas por inscritos no CadÚnico. Desses, 75,5% eram beneficiários do Bolsa Família.
Em julho, cerca de 1 milhão de famílias deixaram o programa social após aumento de renda. A maioria foi enquadrada na Regra de Proteção, que permite a permanência com 50% do benefício por até 24 meses. Já outras 385 mil famílias tiveram aumento de renda superior ao limite permitido e foram desligadas.
Programas como o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) também integram o esforço nacional contra a fome.
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