O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (25) que o advogado do ex-presidente Jair Bolsonaro, Paulo Cunha Bueno, e o ex-assessor presidencial Fabio Wajngarten prestem depoimento à Polícia Federal (PF). Ambos são investigados por possível tentativa de obstrução de Justiça no caso da trama golpista.
A Polícia Federal acusa os dois de tentarem obter informações sobre a delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, aproximando-se de sua mãe, Agnes Cid, e de sua filha, uma adolescente de 14 anos. A ação é considerada uma forma de pressionar a família e interferir no andamento das investigações.
Segundo a decisão de Moraes, as condutas descritas pela PF “indicam, em tese, o delito de obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa”. O ministro considerou a oitiva dos envolvidos “adequada, pertinente e necessária”.
Abordagens relatadas
A investigação aponta que Wajngarten fez “intensa tentativa de contato” com a esposa de Cid, Gabriela Ribeiro Cid, além de abordar diretamente a filha do militar. Já Paulo Cunha Bueno teria cercado a mãe de Cid durante um evento na Hípica de São Paulo para tentar “demover a defesa constituída” pelo ex-ajudante de ordens.
Também é citado o advogado Luiz Eduardo Kuntz, defensor do ex-assessor de Bolsonaro Marcelo Câmara. Conforme as investigações, ele teria trocado mensagens por WhatsApp com a filha de Mauro Cid. Kuntz nega as acusações.
Na semana passada, Kuntz chegou a pedir a anulação da delação de Mauro Cid, alegando que havia se comunicado diretamente com ele pelas redes sociais. No entanto, as cautelares impostas por Alexandre de Moraes proíbem qualquer contato entre investigados no processo.
Prisão por descumprimento
Pelo descumprimento dessas determinações, o ministro Moraes já havia ordenado a prisão preventiva de Marcelo Câmara, reforçando que os contatos com familiares e testemunhas da delação caracterizam obstrução das investigações.
A delação de Mauro Cid é considerada peça-chave no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. O conteúdo da colaboração está sendo usado pela PF para aprofundar as investigações sobre a atuação de militares, aliados do ex-presidente e possíveis articulações golpistas.
*Com informação da Agência Brasil. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
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