A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas de até 50% sobre a importação de produtos brasileiros repercutiu amplamente entre entidades empresariais do Brasil, que criticaram o caráter político da medida e defenderam o caminho da diplomacia para evitar prejuízos ao setor produtivo nacional.
Em nota, o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) classificou a medida como fruto de um embate pessoal e ideológico entre Trump e o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, sem justificativa técnica.
“A decisão ultrapassa os limites da diplomacia ao utilizar a questão tarifária como instrumento de disputa pessoal. Faltam argumentos concretos que sustentem a tarifa de 50%”, afirmou a entidade, que lembrou que, na última década, os Estados Unidos acumularam superávit de US$ 91,6 bilhões no comércio de bens com o Brasil — valor que sobe para US$ 256,9 bilhões quando considerados os serviços.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também repudiou o uso de “razões não econômicas” para romper com normas do comércio e do direito internacional. A entidade defendeu que o Brasil mantenha a soberania, mas aposte na negociação: “Com serenidade e base em estatísticas reais, é possível buscar um entendimento benéfico para ambos os países”.
No mesmo tom, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) ressaltou a importância de intensificar a atuação diplomática e paradiplomática para resolver a crise. A entidade lembrou o histórico de parcerias industriais e econômicas entre Brasil e Estados Unidos e a relevância dos norte-americanos como parceiros estratégicos da economia fluminense, especialmente nos setores de energia, manufaturados e produtos de alto valor agregado.
Já a Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg) fez um apelo por responsabilidade e equilíbrio. “Medidas de retaliação devem ser avaliadas com cautela. Este é o momento de buscar soluções por meio do diálogo com esse parceiro estratégico”, disse em nota.
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) destacou o impacto da instabilidade comercial nas relações entre os países e defendeu o restabelecimento da confiança institucional: “Medidas unilaterais e intempestivas não servem aos interesses de brasileiros ou norte-americanos, que compartilham valores e interesses comuns”.
A Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) demonstrou preocupação com a competitividade do Brasil frente a países como Itália, Turquia, Índia e China, que não sofreram tarifas similares. A entidade informou que está em diálogo com autoridades e parceiros para minimizar os impactos da medida.
A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) alertou para os possíveis efeitos da tarifa sobre empregos, produção e investimentos. “Reiteramos a importância de uma solução negociada, fundamentada na racionalidade e na estabilidade das relações comerciais”, destacou.
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomércioSP) foi categórica ao classificar como inadmissível a postura do governo americano. “Rupturas comerciais deterioram o ambiente de confiança entre nações e afastam investimentos”, afirmou a entidade, pedindo a retomada do diálogo.
Por fim, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) apontou falhas na atuação diplomática do Brasil e pediu articulação com ministérios estratégicos e o setor privado para reverter o cenário. “Confrontos levarão a prejuízos incalculáveis para a Nação”, alertou a federação.
*Da Agência Fonte Exclusiva. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado Espírito Santo.
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