Nesta terça-feira (24), em Londres, foi realizado o primeiro encontro do Balanço Ético Global (BEG), uma iniciativa inédita liderada pelo Brasil para incluir a dimensão ética e participativa nas negociações climáticas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que ocorrerá em novembro, em Belém (PA). A reunião fez parte da Semana de Ação Climática de Londres e reuniu cerca de 40 representantes da sociedade civil europeia.
Participaram do diálogo mulheres, jovens, lideranças religiosas, povos indígenas, afrodescendentes, economistas, cientistas e outros atores sociais. Eles discutiram temas centrais para a ação climática global, como a triplicação do uso de energias renováveis, duplicação da eficiência energética, fim do desmatamento e dos combustíveis fósseis, além da reparação por perdas e danos.
“Nós precisamos ouvir algumas vozes que não foram ouvidas o suficiente durante a nossa preparação para o enfrentamento às mudanças climáticas”, destacou o embaixador André Corrêa do Lago, presidente designado da COP30.
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, também participou do evento e ressaltou o papel do BEG como instrumento de pressão ética:
“É uma possibilidade de trazer questões inconvenientes para criar constrangimento ético para empresas, governos e até indivíduos. Precisamos refletir se o que estamos fazendo está coerente com os compromissos assumidos.”
Ética e comunidade
O evento contou com a mediação de Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda e referência internacional em justiça climática. Ela destacou o conceito de “mutirão” como símbolo da reconstrução comunitária e da união necessária para enfrentar a crise ambiental.
“Eu ouvi muito sobre a necessidade de reconstruirmos comunidades, que são a base das nossas relações. Há uma linda palavra em português para isso: mutirão. Em irlandês, é meitheal. Para os africanos, ubuntu. Todas refletem o valor das relações humanas baseadas nos direitos humanos.”
O BEG é o quarto ciclo de mobilização global da presidência brasileira da COP30, ao lado dos diálogos com ex-presidentes das COPs, ministros das Finanças e representantes dos povos. A iniciativa busca garantir que a dimensão ética não seja apenas um complemento, mas uma lente orientadora das negociações.
Cada um dos seis encontros do BEG – um por continente – gerará um relatório regional com contribuições específicas. O conjunto desses relatórios comporá um documento final que será entregue como insumo oficial aos negociadores da COP30.
“Já extrapolamos todos os prazos. Agora só resta uma palavra de ordem: implementação”, concluiu Marina Silva, enfatizando a urgência da ação climática com justiça e equidade.
*Com informação da Agência Brasil. Compartilhe esta reportagem do Giro Capixaba, o melhor site de notícias do Estado do Espírito Santo.
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