O Espírito Santo está passando por uma profunda transformação religiosa. Dados do Censo 2022, analisados pela Agência Fonte Exclusiva a pedido do Giro Capixaba, mostram que o Estado segue a tendência nacional de queda da religião católica, mas com características marcantes que o diferenciam da média brasileira.
A proporção de católicos no território capixaba caiu de 54,2% em 2010 para 47,8% em 2022. Em números absolutos, são mais de 276 mil fiéis a menos em 12 anos. Embora ainda sejam maioria, os católicos perderam espaço para outros grupos, principalmente os evangélicos, que agora somam 35,4% da população do Estado — quase 10 pontos percentuais acima da média nacional (26,9%).
Esse avanço coloca o Espírito Santo entre os estados mais evangélicos do país, especialmente na região Sudeste. Cidades como Santa Maria de Jetibá se destacam pela forte presença de denominações tradicionais como Assembleia de Deus, Igreja Maranata e Batista.
Outro dado que chama atenção é o crescimento de religiões de matriz africana, como umbanda e candomblé, que quadruplicaram em número de adeptos, totalizando mais de 14 mil pessoas — com concentração notável na Grande Vitória. O aumento indica uma possível diminuição do estigma e maior liberdade para se declarar adepto dessas crenças.
Na contramão dos municípios tradicionalmente católicos, Presidente Kennedy, no sul do Estado, apresenta o menor percentual de católicos de todo o Espírito Santo: menos de 30% da população. Já Governador Lindenberg, na região Noroeste, mantém a maior proporção de católicos, com mais de 85%.
Entre os que se declaram sem religião, o crescimento também é visível, alinhando-se com a tendência nacional. Esse grupo é majoritariamente masculino (57%) e apresenta uma das maiores taxas de alfabetização.
As religiões no Espírito Santo também refletem variações por raça e escolaridade. Por exemplo, evangélicos predominam entre indígenas, enquanto umbanda e candomblé têm maior representatividade proporcional entre pessoas de origem oriental (raça amarela). A taxa de alfabetização supera os 94% em todos os grupos religiosos.
Essas mudanças revelam um campo religioso cada vez mais plural e dinâmico no Espírito Santo. A diversidade espiritual do Estado segue em expansão, com forte influência de fatores históricos, demográficos e culturais, apontando para um futuro de maior convivência entre diferentes crenças.
Dados relevantes
Pela primeira vez, os católicos, ainda majoritários, representam menos da metade da população capixaba (47,8%), marcando uma queda de 15% desde 2010. Em contrapartida, os evangélicos consolidaram o estado como um dos mais evangélicos do Brasil (35,4%), enquanto as religiões de matriz africana tiveram crescimento explosivo, especialmente na Grande Vitória.
Destaques da transformação
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Queda Histórica Católica:
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Os católicos somam 1,59 milhão, contra 1,87 milhão em 2010.
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Presidente Kennedy, no sul do estado, tem o menor percentual do ES: menos de 30% de católicos.
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No noroeste, Governador Lindenberg mantém tradição, com mais de 85% de fiéis.
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Boom Evangélico:
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O ES supera a média nacional de evangélicos (26,9%) e lidera no Sudeste.
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Santa Maria de Jetibá, colonizada por pomeranos, é um dos municípios mais evangélicos do Brasil, com forte presença de igrejas como Assembleia de Deus e Maranata.
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Revolução Afro-Brasileira:
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Umbanda e candomblé quadruplicaram em 12 anos, saltando para 14 mil adeptos.
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Concentração urbana na Grande Vitória sugere redução do estigma social.
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Sem Religião em Ascensão:
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Grupo cresceu, especialmente entre homens (57%).
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Perfis e Contrastes:
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Gênero: Mulheres são maioria entre católicas (51%) e evangélicas (55%).
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Raça: Evangélicos são hegemônicos entre indígenas (41%), enquanto religiões afro têm força entre declarados amarelos.
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Educação: “Sem religião” lidera em alfabetização (95%), seguido por evangélicos (94%).
Por que o ES se diferencia?
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O declínio católico (-6,4 p.p.) foi mais acelerado que a média nacional (-8,3 p.p.).
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Crescimento das religiões afro superou até estados vizinhos, como Rio e São Paulo.
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Colonização europeia (ex: pomeranos em Santa Maria de Jetibá) e urbanização explicam contrastes regionais.
De acordo com os dados, o Espírito Santo vive uma reconfiguração religiosa sem precedentes. Se em 2010 o catolicismo ainda era hegemônico, hoje divide espaço com uma forte bancada evangélica e uma diversidade em ascensão, impulsionada pela liberdade de crença e raízes culturais.
O estado caminha para um futuro plural, onde tradição e modernidade espiritual coexistem em mapas cada vez mais fragmentados — e reveladores.
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