Apesar das sanções internacionais, da queda nos preços do petróleo e do prolongado conflito na Ucrânia, o rublo russo tornou-se a moeda com melhor desempenho global em 2025. De acordo com o Bank of America, a valorização supera os 40% no acumulado do ano, um feito surpreendente em meio a um cenário externo desfavorável.
A explicação, segundo analistas ouvidos pela CNBC, não está na confiança de investidores estrangeiros, mas em fatores domésticos. O Banco Central da Rússia tem adotado uma política monetária extremamente rígida, mantendo os juros em 20% ao ano e reforçando controles cambiais e medidas restritivas ao crédito.
Para o economista Andrei Melaschenko, do Renaissance Capital, os juros elevados têm desestimulado o consumo interno e derrubado as importações, o que reduz a necessidade de moedas estrangeiras como o dólar e o yuan.
Além disso, desde o início do ano, exportadores russos estão obrigados a converter parte de suas receitas externas em rublo. Entre janeiro e abril, essas operações somaram US$ 42,5 bilhões, um crescimento de quase 6% em relação ao quadrimestre anterior, segundo o Banco Central russo.
Outro elemento relevante foi a redução da base monetária do país. O economista Steve Hanke, da Universidade Johns Hopkins, afirmou à CNBC que, se em agosto de 2023 a oferta de moeda crescia a 23,9% ao ano, agora ela encolhe a uma taxa de -1,19%.
A eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, também teve impacto no desempenho do rublo. A possibilidade de uma trégua no conflito ucraniano, reacendida com a mudança na Casa Branca, levou à entrada de capital especulativo em ativos denominados na moeda russa, apesar dos rígidos controles em vigor.
A valorização expressiva do rublo pode não representar, no entanto, um fortalecimento sustentável da economia russa. Com consumo interno enfraquecido, importações reduzidas e dependência de exportações, o país ainda enfrenta desafios estruturais e um ambiente internacional hostil.
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